TORNEIO DA INTEGRAÇÃO AEEC 2010 (FORTALEZA)

Amanhã (18/12/2010) às 09:00 acontecerá o torneio de de final de ano da Associação dos Enxadristas do Estado do Ceará (AEEC). Será um torneio de xadrez relâmpago (5 min KO ou 3 min + 2 seg/lance KO) para integrar jogadores neste final de ano.
Orgulho-me em ter sido membro do grupo embrionário da AEEC, junto com Prof. Ari Maia, Prof. Luiz Santos, Antônio Sérgio, Luiz Valente, Jorge Nogueira dentre outros.
Será com alegria que participarei deste torneio para competir, mais uma vez este ano, em minha terra natal e rever velhos amigos.
Mais informações no site da AEEC e no Xadrez Brasil.

Campeonato Brasileiro e a questão das Normas de GM e MI

Encerrou-se ontem a 77ª edição do Campeonato Brasileiro Absoluto de Xadrez. Este ano a prova foi muito forte, contando com 6 GM´s, 2 MI´s e 4 MF´s, contabilizando 12 jogadores da elite enxadrística nacional. Apesar de contar apenas com jogadores brasileiros, a final do campeonato nacional é um torneio que a FIDE reconhece para a obtenção de normas para os títulos de mestre e grande mestre internacionais.
Além de determinar o novo Campeão Brasileiro de Xadrez, definido com uma rodada de antecipação, GM Vescovi com excelente desempenho, invicto com 8,5 pontos em 11 partidas, o interesse também se voltou para a possibilidade de obtenção de normas de GM e MI para aqueles que ainda não possuem um ou outro desses títulos.
O MI Everaldo Matussura obteve a norma definitiva de grande mestre com vitória sobre o GM Fier na 10º rodada, ele fez 6,5 pontos em 10 partidas.
Aqui pode surgir uma dúvida: se o MI Diego Di Berardino também fez 6,5 em 10 partidas, por que não valeu norma de GM?
Bem, a resposta está nas regras da FIDE sobre o tema: ele não atingiu os mínimos critérios ligados ao rating.

No caso do MI Matsuura, para que 6,5 em 10 fosse uma norma de GM seria preciso que, nessas 10 partidas, o rating médio (Rm) dos adversários fosse superior a 2490 (no caso dele foi 2494) e o rating performance (Rp) nessas 10 partidas fosse superior a 2600 (ele obteve 2604).

No caso do MI Di Berardino, esses critérios não foram alcançados: o Rm, em 10 partidas, foi 2466 (inferior aos 2490 necessários), e o Rp foi 2576 (inferior aos 2600 necessários). Mas ele teve outra chance. Caso vencesse o GM Vescovi na última rodada, ele faria 7,5 em 11 partidas, com Rm dos adversários de 2480 (que no caso de 11 partidas é suficiente, pois o piso passa a ser 2467) e seu Rp passaria a 2613, e seria uma norma de GM.
O jovem MF Shumyatsky também passou perto da norma de MI. Na 9ª rodada ele tinha 3,5, o que seria suficiente em 9 partidas, caso os critérios de rating fossem cumpridos (tinha Rm de 2483, mas era necessário ser superior a 2530, e seu Rp era de 2396, sendo necessário ser superior a 2450). Ele também teve outra chance na última rodada. Caso vencesse o MI (agora GM) Matsuura na última rodada, ele passaria a 5 pontos em 11 partidas, com Rm dos adversários de 2494 (superior ao piso de 2486 em 11 partidas) e Rp de 2458 (superior ao piso de 2450) e a norma de MI estaria cumprida.

Bem, como sabemos, as últimas partidas foram empates, e todos esses cálculos de normas ficam apenas para matar a curiosidade de alguns sobre o assunto, assim como a minha. Parabéns a Vescovi por mais um título brasileiro e para Matsuura pelo merecido título de GM.

Só para completar o assunto de normas, coloco abaixo curiosidades e requisitos mínimos genéricos (pode haver variações em competições especiais como zonais, campeonatos continentais e pan-continentais, copa do mundo individual e por equipes, olimpíada e outros desse quilate) para a obtenção de títulos de MI e GM (bem como das versões femininas WIM e WGM): 
  • assim como os títulos no xadrez, a norma vale para a vida toda do jogador;
  • uma norma deve ser conseguida num mínimo de 9 partidas;
  • a pontuação mínima é de 35% dos pontos, ou seja, eu 9 partidas deveria ser 3,15 que é elevado para 3,5;
  • pelo menos metade dos oponentes devem ser titulados (não valem os títulos de ‘candidato a mestre’ para este critério);
  • para uma dada norma, pelo menos um terço dos oponentes tem que ter o título em questão, por exemplo, para norma de GM em 9 partidas, 3 dos oponentes tem que ser GM’s. Para a norma de MI, um GM conta como 1,5 x MI, ou seja, 2 GM’s equivalem a 3 MI’s no cômputo da norma de MI;
  • é necessário ter um mínimo de 27 partidas no conjunto das normas, daí que geralmente são necessárias 3 normas, mas alguns torneios como a Olimpíada, dão direito a norma dita dupla, mas é mais que isso, pois neste caso, uma norma de 9 partidas vale uma norma de 20 partidas;
  • o torneio deve contar com pelo menos 3 federações nacionais representadas, para que um jogador de uma delas possa obter uma norma (a exceção, justamente é a final de um campeonato nacional, porém, para a homologação do título pelo menos uma das normas do jogador tem que ter sido atingida num torneio com um mínimo de 3 federações representadas);
  • para um torneio valer norma de grande mestre, ele deve ser aberto ao público ou, pelo menos, as partidas mais importantes devem ser exibidas em tempo real por algum meio (internet, por exemplo) e, logo ao final do torneio, as partidas todas devem estar disponíveis para verificação;
  • como se não bastasse, além das normas, o jogador precisa atingir um rating em algum momento igual ou superior aos seguintes: 
    • Grande Mestre Internacional  (GM)  2500
    • Mestre Internacional (MI)  2400
    • Grande Mestre Internacional Feminino (sigla em inglês WGM)  2300
    • Mestre Internacional Feminino (sigla em inglês WMI)  2200,
  • o mais interessante é que esse rating mínimo para cada título não precisa necessariamente ser publicado numa lista oficial da FIDE. Basta se provar que em algum momento entre uma lista e outra, ou mesmo no meio de um torneio, o jogador alcançou o mínimo exigido para a homologação de seu título! Claro que fica mais difícil provar, e a FIDE só aceita caso a federação do jogador forneça a documentação com as provas.
Agora que já sabemos os requisitos para as titulações maiores do xadrez, só falta estudar e jogar muito!

Também disponível no blog parceiro Xadrez Natalense

O que se pode achar nos papéis velhos…

Olhando os velhos papéis, como num desencargo de consciência antes de jogá-los no lixo, achei 2 partidas da época jurássica do aprendizado enxadristico meu e do Luiz.

A primeira é bem do comecinho mesmo, como facilmente se percebe, acho que só tínhamos lido um pouco do Xadrez Básico e sabíamos somente a defunta notação descritiva:

Após conhecermos os Profs. Ari Maia e Luiz Santos, e começarmos a frequentar a “Escolinha de Xadrez” do extinto Colégio Pedro I, aprendemos a notação algébrica e melhoramos um pouco. Mas só um pouco…

Play online chess

Bom, por hoje já foram muitas lembranças e capivaradas. Continuarei na “pesquisa” dos meus papéis e, certamente, mais coisas boas aparecerão.

200º Relâmpago ADX: Milena participou!

Minha irmã, a enxadrista cearense Milena Frota, veio a Natal e não teve como escapar de ser levada à agradável sede da ADX para participar do torneio de xadrez relâmpago comigo. Por força da diferença de rating, acabamos jogando na primeira rodada, algo que não acontecia desde o Zonal CE 1995. Percebi que ela melhorou bastante desde o retorno, mas ainda não tem a visão tática completa no tabuleiro, algo que virá com a prática. Ela acabou na 18ª posição, com 2,0 pontos em 7 partidas.
Por minha vez, eu perdi somente para os dois favoritos, MF Roberto Andrade e Neri Silveira, apesar de tê-los enfrentado com as peças brancas, e fiquei atrás apenas destes 2 na classificação final:

Seguem algumas fotos do torneio:

Fechamento 2010: um pouco de nostalgia

O xadrez apareceu em minha vida em 1991, quando cursava a 5ª série no Colégio Militar de Fortaleza e vi um colega jogando na hora do intervalo. Esse colega mesmo me escreveu as regras num pedaço de papel e, ao chegar em casa, implorei por um jogo de peças. Minha mãe me deu um jogo de madeira da Xalingo, próprio para iniciantes, mas para mim eram peças de enorme beleza então. Ainda mantenho esse jogo no qual aprendemos a jogar eu, minhas irmãs, meu primo-irmão, meu pai e meu tio paterno, primeiras pessoas na minha família a conhecerem tão de perto o nobre jogo.
Comecei esse ‘post’ de forma assim, saudosa, pois pensava no fechamento enxadrístico de 2010, ano em que, finalmente, retomei a prática regular do amado jogo de xadrez, e acabei relembrando os primórdios. Eu, capivara que sou, penso que meu maior mérito como enxadrista é (como certa vez falou um grande amigo e primeiro mestre das artes do tabuleiro quando lhe fiz uma pergunta indiscreta sobre meu talento) o grande amor e interesse pelo jogo.
Esse amor precisou esperar longos 14 anos (faculdade, mestrado, trabalho e início de vida de pai de família) para ser retomado de forma contínua. Falharam as tentativas no começo da faculdade em 1998. Na época que morei fora, entre 2001 e 2002, joguei com certa regularidade, mas não tive êxito em estudar o jogo e evoluir como desejava. Em 2007, já em Natal, ensaiei um retorno, mas não dei continuidade.
Em 2010, no entanto, dei-me conta que era importante para mim jogar, mesmo que os resultados fossem modestos, e voltei! Foi melhor que esperava: joguei 4 torneios FIDE e 1 CBX formei o rating internacional inicialmente em 2036. Meu rating CBX, há muito congelado em 1828, subiu para 1907 em 4 torneios (apesar das partidas ganhas que entreguei).
Deixou-me feliz também o retorno de meu primo-irmão, Luiz Valente, e de minha irmã, Milena Frota aos tabuleiros.
A foto abaixo, tirada no recente ABERTO XADREZ BRASIL, é histórica, de certa forma, pois mostra algo que não acontecia desde 1996: Luiz Valente e eu participando de um torneio de xadrez oficial (curiosamente nas mesas vizinhas e com mesma cor na primeira rodada). A última vez havia sido a Seletiva do Campeonato Cearense Absoluto de 1996 (curiosamente, também orgazinado por Ari Maia).

Luiz e Rewbenio prontos para a I rodada do Aberto Xadrez Brasil em Brasilia (11/2010) 
Em junho, minha irmã, Milena, participou comigo do Aberto do Brasil Cidade de Fortaleza, coisa que não acontecia desde o Zonal CE de 1995, se não me engano. Ela teminou este ano de retorno sendo quarta colocada no Campeonato Cearense Feminino de Xadrez e deixou escapar o vice-campeonato por muito pouco, ao se descuidar numa partida ganha. No final, no desempate do terceiro lugar no blitz, os anos sem prática pesaram bastante. Mas considero um bom retorno, mesmo assim.

Milena em ação!
Faço votos que o Luiz, que sempre jogou de forma bastante imaginativa, e Milena, que mesmo sem muita dedicação sempre se destacou no cenário feminino, e eu, não paremos mais de jogar.