Aberto do Brasil Bienal Prof. João Braga – Em andamento

Está em andamento um dos maiores torneios abertos realizados no país nos últimos anos, o Aberto do Brasil  Bienal Prof. João Braga, que conta com 184 jogadores. Seguem alguns números do torneio:
– 6 Federações Nacionais representadas: Brasil (177 jogadores), Argentina (2 jogadores), Paraguai  (2 jogadores), Egito, Peru e Venezuela (as três últimas com 1 jogador cada);
– 32 Titulados: 5 GM´s, 7 MI´s, 15 MF´s, 3 WMF´s, 1 CM e 1 WCM;
– 126 jogadores com rating FIDE (68% do total), dos quais 85 acima de 2000.
O torneio cumpre todos os requisitos para valer normas de GM e MI. Será, portanto, mais uma oportunidade para o jovem MF Shumyatsky (2382), que já conseguiu sua primeira norma de MI neste ano no ‘II ITT Memorial Fernando de Almeida Vasconcellos’ (ganhando de quebra 20 pontos de rating FIDE, provisoriamente ultrapassando a marca de 2400 necessária para homologação do título de MI). 
O MI Diego Di Berardino (2480) também terá outra chance para obter sua definitiva norma de GM, que passou perto na final do Campeonato Brasileiro de 2010.
Além destes, obviamente outros jogadores também estarão na briga pelas normas. 
Expectativa também para alguns jogadores que estão próximos dos 2300 necessários para a titulação de MF, entre eles o paraibano Paulo Barbosa (2254) que vem tendo excelentes atuações (no VIII Magistral RN, foi vice-campeão, ganhando no caminho 26 pontos de rating FIDE).
Infelizmente, os estados do RN e do CE não estão representados neste forte evento.

Xadrez e Trapaça: Soviéticos agiam em Cartel nos Torneios de Candidatos até 1978?

O fato de ser engenheiro, e ter tomado gosto pela investigação científica durante meu mestrado, leva-me a ter contato com variados estudos e artigos, a maioria deles estritamente no ramo da engenharia, mas, algumas vezes, caem em minhas mãos alguns relacionados com uma de minhas maiores paixões: o xadrez.

O artigo em questão tem o seguinte título em inglês: “Did the sovietes collude? A statistical analysis of championship chess 1940 – 1978” de Charles C. Moul e John V.C. Nye publicado em 2009 no nº 70 do periódico científico internacional Journal of Economic Behavior & Organization. Em português, pode ser traduzido assim: Os soviéticos agiram em cartel? Uma análise estatística de campeonatos de xadrez entre 1940 e 1978.

O trabalho trata de analisar dados estatísticos de torneios no período 1940-1978 envolvendo soviéticos e não-soviéticos em eventos internacionais (sob tutela da FIDE) e comparando com torneios no mesmo período jogados apenas por soviéticos (como os campeonatos da URSS). O objetivo é saber se os soviéticos agiam como um cartel em eventos internacionais, empatando rapidamente partidas entre eles e jogando para valer contra os demais. Os autores argumentam que essa estratégia, em torneios longos do tipo todos-contra-todos (abreviarei para T-T) traria melhores resultados aos soviéticos, pois estariam mais descansados (os autores estimaram uma diferença equivalente em rating de 42,8 pontos em favor dos jogadores mais descansados).

Alguns resultados obtidos por eles chamam bastante a atenção e fortalecem a hipótese do cartel para o período investigado (1940 – 1978):

  • Em eventos FIDE do tipo T-T os soviéticos empataram em média 60% das partidas contra seus compatriotas, enquanto que a média geral de empates entre 2 não-soviéticos ou entre um soviético e um não-soviético foi de 50%;
  • Em média, apenas 46% das partidas entre soviéticos em eventos fechados na URSS foram empates, contra 60% em torneios FIDE;
  • Em média, as partidas empatadas entre soviéticos em eventos FIDE foram 8 lances mais curtas que empates entre soviéticos em eventos fechados na URSS;
  • Em torneios FIDE do tipo mata-mata (ou nocaute, KO), não se percebe diferença significativa na quantidade de empates: soviético x soviético (56,2% de empates) e soviético x não-soviético ou 2 não-soviéticos (55,6% de empates).

Após esta primeira comparação, foram analisados os Torneios de Candidatos de 1950 a 1962. Os autores calcularam as probabilidades de vitória de cada participante desses torneios sob 2 hipóteses:

  • A – os soviéticos agiram em cartel, empatando partidas entre eles a fim de “guardarem forças” contra os demais jogadores;
  • B – os soviéticos não agiram em cartel.

Para realizar essa comparação, em cada hipótese (A e B), 10.000 simulações de resultados foram feitas, e calcularam-se as médias dos resultados individuais nessas simulações (no caso A, os resultados entre soviéticos foram simulados como empates; no caso B foram tomados aleatoriamente). No caso B, o resultado médio das simulações foi muito mais coerente com os ratings estimados no site Chessmetrics por Jeff Sonas para os jogadores nas épocas em que os torneios foram realizados.

Segundo os autores, o evento no qual a hipótese do cartel soviético teria maior impacto no resultado seria no famoso Torneio de Candidatos de Zurich 1953, um longo evento T-T de dupla volta em que cada jogador disputou 28 partidas. As chances de vitória de um soviético (eram 9 de um total de 15 participantes) sob a hipótese de cartel foi estimada em 75,7% contra 48,5% de chances se a hipótese fosse falsa.

O Torneio de Candidatos de Curaçao 1962, famoso pela denúncia de Fischer sobre a forma como os soviéticos controlavam o resultados do torneio (e que aparentemente foi uma das motivações para o estudo feito por Moul e Nye) também foi analisado. O torneio contou com 8 jogadores (5 soviéticos) que se enfrentavam todos contra todos 4 vezes! A chance de vitória de um soviético sob a hipótese de cartel foi estimada em 93,7%, contra 80,8% de chances caso a hipótese de cartel seja falsa.

Fischer × Kortchnoi em Curaçao 1962
(fonte: chessbase.com)

Os autores concluem que sua análise, a primeira do tipo a usar forte base estatística para analisar o assunto (segundo eles), apenas reforça a ideia generalizada e facilmente compreensível de que os soviéticos, em eventos no exterior, deveriam estar sujeitos a algumas pressões para agir como um time e que assim o faziam. Eles não dizem nem sim, nem não à pergunta do título, mas afirmam que a probabilidade de ocorrerem os resultados observados na prática sem nenhum tipo de cartel, ou outra estratégia de grupo dos soviéticos, seria muito menor.

Eles deixam claro que, obviamente, este não é o único fator que levou à hegemonia da URSS no xadrez naquele período, mas que, aliada à notória força dos grandes mestres soviéticos, a estratégia de cartel tornava quase impossível a um não-soviético tornar-se o desafiante oficial ao título mundial. Por exemplo, enfatizam o caso de Zurich 1953, quando Reshevsky era o favorito com 28,6% chances de ser o campeão caso não houvesse cartel, mas que, havendo cartel, suas chances cairiam bruscamente para 14,8%. No final, sabemos que o campeão foi Smyslov, com Bronstein e Reshevsky empatados em segundo.

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42º Torneio Popular de Xadrez: Israel Smith Campeão

Xadrez Potiguar e FNX realizaram dia 10/04/2011 o 42º Torneio Popular de Xadrez (TPX), prova já tradicional em Natal. Foram 21 participantes, na sua grande maioria jovens talentos do xadrez do RN, que disputaram 5 rodadas com cadência de 21 minutos KO.
O campeão foi o jovem Israel Smith, com 4,5 pontos (invicto +4 =1), seguido de Vitor Firmo (também invicto +3 =2) e Gabriel Valero com 4,0 pontos. Nas categorias, Israel também ficou com o melhor sub-18, Gabriel Valero melhor sub-15, Bruno Uchoa melhor sub-13 e Nuara Barreto melhor na categoria feminino.
Segue a tabela final de classificação (também disponível no chess-results):
Classificação Final do 42º Torneio Popular

Lançamento: Anuário Enxadrístico do Ceará 2010



Do  Brasil Xadrez:

“No próximo dia 19 de maio, quinta-feira, no auditório da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, em Fortaleza (ao lado do Centro Cultural Dragão do Mar), a partir das 19 horas, o professor Ari Maia lançará a 1ª edição do Anuário Enxadrístico do Ceará. O trabalho é um resgate de toda a produção enxadrística do estado no ano de 2010. Foram reunidas 1056 partidas, jogadas por 281 jogadores. No Anuário registrou-se todas as partidas pensadas que foram jogadas em território cearense e aquelas jogadas por jogadores cearenses que, bravamente, cruzaram nossas fronteiras para disputarem torneios fora do Ceará. Se você jogou uma só partida em 2010 e registrou em súmula a partida, ela estará por lá. O Anuário serve como subsídio na preparação dos jogadores em torneios. Quem nunca perguntou para outro colega: “O que o fulano joga de negras? Pois amanhã jogo com ele”. Não precisará mais perguntar, pois no Anuário tem um índice onomástico, com o nome do jogador e a referência onde encontrar a partida dele. Há partidas de Grandes Mestres, assim como dos mais eficientes capivaras do xadrez cearense e, claro, dos jogadores intermediários. O material é o maior e mais completo resgate da produção enxadrística cearense. Torneios memoráveis como o Aberto do Brasil de Fortaleza estão contemplados no material, assim como torneios menores. Por motivos óbvios, não foram contempladas as partidas do xadrez rápido, nem relâmpago. Durante o evento de lançamento, haverá uma homenagem ao belíssimo trabalho realizado pelo professor Wesley, do clube de Xadrez da Biblioteca Pública. Todos estão convidados. Aos interessados em adquirir o material, teremos um espaço de vendas. O livro que tem 330 páginas, uma seção de fotos e uma outra com partidas comentadas, custará R$ 50,00. A capa do livro é obra do Anderson Mauro, também conhecido como Mineirinho.”

Louvável ideia e iniciativa do Prof. Ari Maia, incansável lutador pelo progresso do xadrez Alencarino e brasileiro. O xadrez do Ceará, berço de tantos campeões brasileiros em outros tempos, terá nessa obra uma homenagem e um incentivo para que reencontre novamente seu merecido local no cenário enxadrístico nacional.
Infelizmente não estarei na capital cearense na data do evento, mas já reservei o meu exemplar por telefone.

42º TORNEIO POPULAR DE XADREZ

O Xadrez Potiguar está divulgando para o próximo domingo (10/04/2011) o 42º TORNEIO POPULAR DE XADREZ. A prova terá 5 rodadas em 21 min KO e será válida para o rating FNX.
Mais informações no folder do evento que reproduzo abaixo:
Este foi o primeiro torneio que joguei em Natal (na edição de 2007) e na época foi também meu primeiro em 2 anos.
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