140º TORNEIO RÁPIDO ADX (20 MIN KO)

Após 2 meses longe dos tabuleiros, resolvi matar a saudade nas sempre agradáveis instalações da Academia Damasceno de Xadrez (ADX), em Natal-RN.  Aos domingos, pontualmente às 14 horas, tem início um torneio semanal de xadrez rápido, com 6 rodadas em cadência de 20 min KO. No restante da semana, há torneios de xadrez relâmpago (15 min KO em 7 rodadas) nas terças e quintas a partir das 19 horas.

Hoje, realizou-se o 140º Torneio Rápido, no qual tive a felicidade de ser o vice-campeão, derrotado apenas pelo campeão MF Roberto Andrade que venceu suas 6 partidas.

Rewbenio Frota (vice-campeão), MF Roberto Andrade (campeão), exibem  os envelopes com a premiação
Sege abaixo a classificação final do evento:

140º TORNEIO DE XADREZ RAPIDO 31.07.11 – Round 6
Classificação Final
Place Name                Feder Rtg Loc  Score Wins M-Buch. Berg.
  1   ROBERTO, ANDRADE              2381 6        6    15.5 23.50
  2   REWBENIO, FROTA               2074 5        5    14.0 15.50
 3-5  BRAGA, JOSE                   2083 4        4    15.5 12.50
      ARTANAEL, COSTA               2154 4        4    14.0 11.00
      RAFAEL, ALBUQUERQUE           2209 4        4    13.5 12.50
 6-8  ALLYSSON, MUNIZ               2025 3.5      3    13.0  8.75
      HELIANTO, LUCENA              2056 3.5      3    11.5  8.25
      ATILA, DAMASCENO              2065 3.5      3     9.5  5.25
9-13  NERI, SILVEIRA                2268 3        3    15.5  8.50
      TALES, GOMES                  2065 3        3    13.0  9.50
      RAIMUNDO, NONATO              2049 3        3    12.5  4.50
      DAVID, FRANKENTAL             1889 3        3     8.5  5.50
      IZAEL, BRASILINO              2017 3        3     8.5  3.50
 14   ALECIO, DAMASCENO             1999 2.5      2    11.5  4.75
15-17 VALERIO, ANDRADE              2024 2        2    11.5  3.50
      ZAPATA, DAMASCENO             1869 2        2    11.0  3.00
      ALEMBERG, MORAIS              1947 2        2    10.5  2.00
18-19 LUIZ, EDUARDO                 1929 1.5      1    12.0  3.75
      THIAGO, AVELINO               1804 1.5      1     9.0  0.75
 20   FERNANDO, BARRETO             1800 0        0    10.0  0.00

Para quem se interessar em participar, segue o contato da ADX:

Academia Damasceno de Xadrez
Av. Antônio Basílio, 4344, Morro Branco. 
CEP 59056-500 Natal-RN 
Tel: (84) 3201-7430
MSN: academiadamasceno@hotmail.com academiadamasceno@yahoo.com.br
Horários de funcionamento:
terças e quintas-feiras 
das 19h30 às 22h; sábados das 9h às 11h30 e domingos das 14h30 às 18h40. 
Mapa:

Relembrando: Anand, enfim um indiano Campeão do Mundo

Sabemos que o xadrez veio da Índia, e foi muito marcante para mim quando um indiano voltou ao topo do xadrez mundial depois de tantos séculos. Na época, 2007, escrevi o texto abaixo, mas, como ainda não tinha este blog, apenas mandei para alguns amigos e deixei guardado. Agora, já próximo de Anand colocar novamente seu título em jogo contra Gelfand (que foi, curiosamente, o vice-campeão do mundial de 2007), decidi compartilhar o texto aqui com vocês. Tentei fugir do jargão enxadrístico, para não ser muito difícil de entender para aqueles que não tem conhecimento profundo das complicadas  intrigas da história recente dos Campeonatos Mundiais de Xadrez. Espero que gostem.

Viswanathan Anand, novo campeão do mundo: o xadrez retorna ao lar
Por Rewbenio A. Frota

A lendária origem do jogo de xadrez nos diz que ele foi criado pelo sábio indiano Sassa, a pedido de seu Rei, que demandara um jogo no qual se pudesse aprender e praticar as mais elogiosas virtudes, como a disciplina, a estratégia e a moderação. Foi o antigo exército indiano que inspirou o sábio Sassa na escolha das figuras que se moveriam sobre um tabuleiro que resumia o mundo em 64 quadrados de fantasia.
A persistência da lenda acima talvez resida na sua interessante continuação, na qual o Rei, muito satisfeito com o jogo, teria dito a Sassa que, como prêmio, pedisse o que bem entendesse. A princípio, o sábio, prudente, recusou, dizendo que a afeição do Rei pelo jogo já era recompensa suficiente. Mas, como o Rei insistisse, Sassa disse que pediria simplesmente um grão de trigo na primeira casa do tabuleiro, dois grãos na segunda, quatro na terceira, sempre dobrando a quantidade de grãos a cada nova casa, até a sexagésima-quarta. O Rei concordou, algo zombador, dizendo que o sábio deveria ter pedido escravos ou marfim. Porém, logo teve que, humildemente, pedir que Sassa voltasse atrás no pedido, pois antes da trigésima-segunda casa, já todo o trigo do reino teria acabado. Estima-se que o pavoroso número de grãos necessários para realizar o desejo de Sassa (264 – 1 = 1,84467441 × 1019) seria suficiente para cobrir toda a superfície do planeta com uma camada de 7 polegadas de trigo!
O fato, comprovado por outras fontes históricas, é que realmente o jogo surgiu na Índia, em torno do ano do 400 a.C., e, a partir de lá, foi-se espalhando pelas terras vizinhas, rumo ao ocidente. Em cada local novo, no curso dos anos, o jogo foi sendo modificado até chegarmos à versão que jogamos hoje, que é praticamente a mesma da idade média, salvo por pequenos detalhes como o roque e a tomada “en passant”.
O xadrez moderno, que desde o século XIX mantém registros regulares de partidas e melhores jogadores, foi dominado pelos europeus, primeiramente franceses, espanhóis e ingleses, mais tarde pelos soviéticos. Apenas alguns poucos foram capazes de tomar da Europa essa hegemonia: os americanos Pillsbury e Morphy no século XIX e Fischer na década de 70. Existe também o registro de um excepcional jogador indiano, Sultan Khan, servo de um fidalgo inglês, que veio a Londres por 3 anos (1930-1933) com seu senhor e foi capaz de derrotar muitos dos melhores jogadores do mundo, incluindo o lendário campeão do mundo José Capablanca. Seria esse o prenúncio do retorno da Índia ao topo do xadrez mundial? Sultan Khan voltou à Índia e nunca mais se teve notícias de que voltou a jogar xadrez.
O mundo das 64 casas sofria desde 1993 de um cisma, causado pelo então campeão mundial Garry Kasparov, que retirou-se da federação internacional e criou sua própria associação de jogadores profissionais. O título oficial ficou errante desde então, nas mãos de excelentes grandes-mestres, mas que jamais venceram Kasparov, que continuava com a aura de invencibilidade e de autenticidade, pois era oriundo de uma linhagem de campeões mundiais que remontava ao século XIX. Em 2000, o título não-oficial passou, para Vladimir Kramnik, que derrotou Kasparov, pondo fim a um reinado de 15 anos. Kramnik foi capaz de reunificar os títulos mundiais no final de 2006.
O próximo campeonato mundial foi realizado neste ano de 2007, de 13 a 29 de setembro. O sistema de disputa envolveu o campeão mundial, Kramnik, e mais 7 grandes-mestres de elite, selecionados entre os vencedores de uma série de super-eventos preliminares. Todos jogaram duas vezes contra todos. O vencedor do campeonato mundial foi o grande-mestre indiano Viswanathan Anand, único invicto no certame.
Anand tem 37 anos de idade, obteve o título de grande-mestre aos 18 anos (1º indiano a conseguir a façanha). Ele é apenas o sexto jogador na história* a liderar o ranking mundial desde sua criação. Atualmente sua pontuação no ranking mundial é de 2801 pontos. Além de Anand, que rompeu a barreira histórica de 2800 pontos em abril de 2006, apenas outros 3 jogadores superaram esta marca: Kasparov (2800 pontos em janeiro de 1990 – ele se aposentou com 2812 e teve um máximo de 2851 pontos), Kramnik (2802 pontos em abril de 2001 – máximo de 2811 pontos) e Topalov (2801 pontos em janeiro de 2006 – máximo de 2813 pontos). Suas principais conquistas anteriores foram: Campeão Mundial juvenil em 1987; desafiante ao título mundial não-oficial em 1995 (derrotado por Kasparov); desafiante derrotado ao título mundial oficial em 1998, (derrotado por Karpov); Campeão Mundial oficial em 2000 (o título não-oficial, mais prestigioso, continuava com Kasparov); Campeão Mundial de Xadrez Rápido em 2003. Além desses títulos, Anand venceu alguns dos principais torneios do xadrez profissional, como os tradicionais Linares na Espanha e Wijk aan Zee na Holanda.
Com a merecida vitória de Anand – desta vez campeão mundial único e indiscutível, herdeiro legítmimo de Steinitz, Lasker, Capablanca, Alekhine, Euwe, Botwinik, Smyslov, Tal, Petrosian, Spassky, Fischer, Karpov, Kasparov e Kramnik – o xadrez completa uma peregrinação de mais de 20 séculos e retorna ao lar.
 
*Situação em 2007

Novidades no Rating FIDE

Esta é a primeira postagem sobre as mudanças realizadas pela FIDE no que diz respeito à formação de rating internacional. Apesar de já estar sendo comentado na internet há algumas semanas, eu esperei até sair oficialmente no site da FIDE (o que demorou um pouco).

As regras da FIDE sobre rating estão na seção 2. Regulações do Rating FIDE na parte B. Comissões Permanentes do handbook FIDE. Os itens e subitens citados nesta postagem referem-se a esta parte específica do handbook FIDE.

A FIDE alterou de forma consierável a regra de formação de rating inicial, com base nas conclusões do Encontro sobre Rating da FIDE realizado em Atenas nos dias 2 e 3 de junho de 2011. O que mudou?

Item 8.21
  • Como era: Se um jogador sem rating marcar menos de 1 ponto no seu primeiro evento válido para rating, ou  jogar menos de 3 partidas contra jogadores com rating em qualquer evento válido para rating, sua pontuação é desconsiderada.
  • Como ficou: Se um jogador sem rating marcar menos de 1 ponto, ou jogar menos de três adversários com rating no seu primeiro evento válido para rating, sua pontuação é desconsiderada. Nos eventos subsequentes todos os resultados, mesmo se marcar zero pontos, ou jogar menos de 3 partidas contra jogadores com rating, são acumuladas para o seu rating inicial.
  • Comentário: continua a valer o descarte do primeiro torneio FIDE caso o jogador sem rating marque menos de um ponto ou jogue menos de 3 partidas contra rateados. Porém, a partir do torneio seguinte, mesmo que ele jogue somente uma partida contra rateado e que seja uma derrota, já será acumulado como um bloco. Nesse caso é essencial verificar o que consta no item 6.1, que complementa e confirma o item 8.21, que deixa claro que um bloco só será válido se seu rating performance ficar acima do piso mínimo de rating, que atualmente é 1200 (item 0.6). Continua valendo o total de 9 partidas contra rateados como o mínimo para figurar na lista de rating FIDE, e eventos com mais de 2 anos são desconsiderados (item 7.14c). O principal impacto dessa mudança é que haverá um considerável aumento no número de jogadores com rating internacional. Isso será bom para a confiabilidade do sistema, uma vez que quanto mais jogadores com rating, maior a significância estatística do rating, e melhor a estimativa de força enxadrística que ele expressa. Por outro lado, cai um fator que eu considerava ainda um diferencial na lista da FIDE: era necessário marcar pelo menos 1 ponto para entrar. Outro impacto é que, uma vez com rating FIDE, a anuidade CBX aumentará, o que pode fazer com que caia a quantidade de cadastros pagos nos próximos anos (atualmente a anuidade CBX é de R$ 40,00 para jogadores sem rating FIDE e R$ 70,00 para jogadores com rating FIDE).

Item 8.23

  • Como era: Se ele marcar mais de 50%, então Ru = Ra + 12,5 para cada meio ponto acima de 50%
  • Como ficou: Se ele marcar mais de 50%, então Ru = Ra + 15 para cada meio ponto acima de 50% ”
  • Comentário: essa medida é simplesmente a implementação da medida abaixo (8.56) para o caso de desempenho superior a 50% nas partidas jogadas até a formação do rating FIDE.

Item 8.56 (primeira linha)

  • Como era: K = 25 para um novo jogador para a lista de classificação, até que tenha completado eventos com pelo menos 30 jogos.
  • Como ficou: K = 30 para um novo jogador para a lista de classificação, até que tenha completado eventos com pelo menos 30 jogos.
  • Comentário: o fator K é o ponderador das mudanças de rating. A cada torneio o novo rating (Rn) será um ajuste feito no rating antigo (Ra) com base na diferença entre os pontos efetivamente conquistados (W) e os pontos que seriam esperados (We) ponderada pelo fator K: Rn = Ra + K x (W – We). Ou seja, K controla a “velocidade” da mudança de rating. A FIDE só alterou o K para aqueles com até 25 partidas oficiais, pois foi verificado que jogadores que entram na lista de rating com pontuação anormalmente elevada, tendem a ser jogadores com rating superestimado, e jogadores iniciantes na lista com rating anormalmente baixo, tendem a ser jogadores com rating subestimado. O aumento de K tende a acelerar a convergência desses ratings para um valor mais próximo da real da força do jogador.
Novas mudanças ainda podem ocorrer, como a redução do piso para 1000 e a publicação da lista mensalmente (hoje ela é bimestral). As novas regras estão em vigor para torneios realizados a partir de 1/julho/2011.
Em breve faremos uma nova revisão do tópico COMO FORMAR O RATING FIDE com exemplos práticos e outras considerações.

Novo blog de xadrez no ar

O querido amigo Prof. Ari Maia lançou um blog suplementar ao seu já consagrado site Xadrez Brasil. É o http://xadrezbrasileiro.blogspot.com/ no qual as noticias de xadrez de todo o território nacional podem ser acessadas e comentadas livremente (uma facilidade do formato blog). Eu já adicionei à barra de blogs favoritos que vocês podem ver no lado direito da página.

Um lance desconcertante

Na posição abaixo, você seria capaz de fazer uma jogada que recebeu a seguinte descrição: “um dos lances mais fantásticos já feitos sobre um tabuleiro de xadrez”? Um lance muito bonito, que recebeu as seguintes valorações em análises por diferentes autoridades enxadrísticas:
  • ‘!!’ – Irving Chernev.
  • ‘!!’ – FM G. Burgess.
  • ‘!!!’ – GM A. Soltis.
  • ‘!!!’ – GM Ruben Fine.
Segue a posição (negras jogam e ganham):
Levitsky – Marshall (1912)

Resposta aqui (mas vale pensar primeiro por si mesmo).

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