Os mais inteligentes do mundo hoje

Quem são as pessoas mais inteligentes do mundo hoje? Recentemente, foi elaborada uma lista de 30 gênios da atualidade. O site que divulgou a lista é dedicado a orientar sobre escolha de universidades ao redor do mundo. Pela própria natureza do site, dentre os 30 citados, a maioria é composta por cientistas, quase todos matemáticos e físicos. Mas a lista traz 3 enxadristas, todos grandes mestres (GM).
Fonte: JufitPolgar.com
A primeira citada é a GM Judit Polgar (39 anos, Hungria). Judit é a mais nova de três irmãs enxadristas, todas grandes mestres de Xadrez, todas treinadas segundo o método desenvolvido pelo pai delas, Lazlo Polgar. Lazlo acreditava que um gênio em qualquer área poderia ser formado por treinamento adequado, com pouca influência do talento ou aptidão natural, e resolveu provar seu método em suas próprias filhas usando o Xadrez como área de especialidade. Judit foi uma menina prodígio e tornou-se GM (título absoluto entre homens e mulheres) em 1991, aos 15 anos e 4 meses de idade, quebrando um recorde que pertencia, então, ao lendário Bobby Fischer (desde Judit, esse recorde já foi quebrado 5 vezes, e é mantido hoje pelo russo Sergey Karjakin, que foi GM aos 12 anos e 7 meses de idade). Judit foi a responsável por realmente levar às mulheres o respeito merecido em torneios internacionais, tradicionalmente dominados por homens. Foi a única mulher até hoje a figurar entre os 10 melhores jogadores do mundo e foi a líder do ranking mundial feminino por mais de 25 anos (ainda é a única mulher a ter ultrapassado a pontuação de 2700). Ela sempre jogou somente torneios mistos e, por exemplo, nunca disputou o Campeonato Mundial feminino. Judit aposentou-se das competições em 2014 e atua na divulgação do Xadrez como ferramenta de desenvolvimento pessoal.
Fonte: www.kasparov.com
Em seguida, a lista cita o GM e ex-campeão do mundo Garry Kasparov (52 anos, Rússia). Kasparov certamente é o mais famoso enxadrista do mundo, principalmente após sua derrota para o computador Deep Blue da IBM em 1997. Muitos apontam Kasparov como o melhor enxadrista de todos os tempos, dada sua grande predominância sobre seus contemporâneos e também pelo fato de ele ter sido o primeiro a ultrapassar a pontuação de 2800 no ranking mundial. Ele foi o campeão mundial mais jovem da história, aos 22 anos de idade, quando derrotou pela primeira vez seu compatriota Anatoly Karpov, e também liderou o ranking mundial por 31 anos. Após abandonar o Xadrez competitivo em 2005, Kasparov tem se dedicado ao ativismo político, sendo uma das principais vozes contra Vladimir Putin na Rússia.
Fonte: www.chessbase.com
O terceiro enxadrista citado na lista é o atual campeão mundial GM Magnus Carlsen (25 anos, Noruega). Carlsen tornou-se GM aos 13 anos, 4 meses e 27 dias, é o campeão mundial de Xadrez desde 2013 quando derrotou o Indiano Wishanathan Anand. O fato de Carlsen vir de um país sem tradição enxadrística faz muitos acreditarem que ele é um dos maiores talentos naturais para o jogo desde o cubano Capablanca, fato acentuado ainda mais pelas semelhanças de estilo entre eles. A ascensão de Carlsen no cenário mundial foi meteórica até a quarta ou quinta posição no ranking mundial. A subida posterior foi devida, em parte, à parceria feita em 2009 com Kasparov. O trabalho entre os dois foi responsável pelos ajustes finos que levaram Carlsen a ser o mais jovem número 1 do mundo da história, aos 19 anos. A jovem figura de Carlsen, que quebra a estereotipada imagem do enxadrista profissional, tem sido benéfica na divulgação do jogo. Alguns o chamam de ‘Justin Bieber’ do Xadrez, e o campeão tem sido até mesmo convidado para trabalhar como modelo junto a atrizes famosas como Liv Tyler. Este ano Magnus deve defender seu título contra o vencedor do Torneio de Candidatos que está em andamento na cidade de Moscou.

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Jogar contra o adversário ou contra a posição?

No Xadrez, é comum que o nome ou o rating de um jogador possam intimidar seus adversários numa partida. Quando isso acontece, não raras vezes, desperdiçam-se posições superiores ao não conseguir encontrar os melhores lances, pois de alguma forma perde-se a confiança de que seja possível vencer tal jogador com um rating tão alto, ou um mestre, ou um ex-campeão. Eu mesmo fui vítima deste fenômeno algumas vezes.

A solução para isso repousa na máxima: “jogue contra a posição no tabuleiro, não contra o jogador”. Há casos, porém, em que se deve fazer justamente o contrário!

Cada jogador de Xadrez é um ser humano, tem suas preferências e medos (embora alguns grandes mestres digam que não) e se essas características são conhecidas de antemão podemos fazer uso delas nas partidas. Não é à toa que, em preparação para matches, os jogadores analisam as partidas do adversário procurando não só conhecer sua técnica, mas também as nuances psicológicas e características pessoais.

Foi assim, por exemplo, que Kasparov conseguiu minar Karpovno primeiro match ente os dois, em 1984. Após começar jogando como ‘ele mesmo’, Kasparov se viu perdendo por 5 a 0 (exceto os empates), ficando a apenas uma derrota de perder o match. Ele, então, percebeu que precisava começar a jogar de forma mais sólida, exatamente no estilo de seu adversário!. Karpov sentiu os efeitos da mudança de estratégia, e após uma longa série de empates, Kasparov começou a reação. O resto é História.

O jogo psicológico foi uma das armas do antigo campeão mundial Emanual Lasker, conhecido como o melhor psicólogo do jogo dentre os campeões do mundo. Um dos exemplos mais notórios foi sua vitória, em 1914, sobre o jovem J.R. Capablanca no famoso Torneio de São Petesburgo.

Capablanca vinha liderando o torneio jogando partidas calmas, estratégicas, como era seu estilo. Quando chegou a vez de enfrentar Lasker, que vinha somente meio ponto atrás na competição, uma vitória ou mesmo um empate garantiria ao grande cubano o primeiro prêmio do certame.

Lasker jogou de brancas, e empregou a variante das trocas da Ruy Lopez, uma linha de abertura tida como pouco favorável ao primeiro jogador, pois deixava o par de bispos para as pretas e um potencial de ataque muito bom para elas. Porém, como na época Capablanca se sentia pouco à vontade em posições que demandavam uma estratégia de ataque direto, a partida gradualmente se tornou a favor de Lasker, que ganhou brilhantemente.

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Alguns podem dizer que é evidente que a posição deveria sempre prevalecer, mas se esquecem que não é no tabuleiro que se dá a batalha, mas na mente de cada enxadrista!

Xeque-mate no preconceito

O destino muitas vezes nos traz oportunidades inusitadas de provarmos a nós mesmos que somos menos sabidos do que imaginávamos.

A esta inexorável mecânica da vida, nem mesmo o inglês e Grande Mestre Internacional de Xadrez, Nigel Short, foi capaz de escapar.

Causou controvérsia, revolta e fúria um artigo publicado por Short, há alguns meses, no qual o GM dizia literalmente que o cérebro das mulheres era de tal modo construído que as tornava naturalmente menos aptas ao jogo de Xadrez que os homens. Antes deste desastroso artigo, Short era mais conhecido por ter sido o vice-campeão mundial do jogo em 1993, derrotado pelo lendário Kasparov.

Fico pensando o que teria levado um homem culto como ele a falar, ou melhor, escrever, tamanha bobagem. Talvez tenham sido as incontáveis horas desvendando a Abertura dos 4 Cavalos ou o Gioco Piano, que lhe diminuíram a capacidade para outros temas.

Os ânimos arrefeceram e o tempo passou, o assunto estava quase esquecido. Então, como que por mero acaso, foi dada à jovem GM indiana Harika Dronavalli, 12ª do ranking mundial feminino, a oportunidade de fazer Short engolir suas palavras.

Início da partida.
Short, visivelmente desconfortável,  podia estar pensando: “Eu e minha boca…”
(Fonte: Chessbase.com)

A partida aconteceu há poucos dias, na terceira rodada do Torneio Internacional de Gibraltar. Jogando com as peças pretas, o que dificulta um pouco a vitória, Dronavalli, magistralmente, forçou Short a inclinar seu Rei. Não sei se a jovem mestra indiana buscou algum tipo de revanche contra o falastrão inglês, mas o certo é que sua atuação foi impecável, com lances fortíssimos, como o da posição abaixo, que selou a partida.


Posição após 31. Dxd5 … . Pretas jogam e ganham.
No mesmo dia, as mestras Anna Muzychuk (Ucrânia) e Aleksandra Goryachkina (Rússia) também venceram convincentemente seus adversários do sexo oposto, apesar de ambos estarem mais bem colocados do que elas no ranking internacional.


Ao pensar no acontecido, lembrei da famosa frase do ex-campeão do mundo, Emanuel Lasker, “No tabuleiro, mentiras e hipocrisia não duram muito tempo”. Se faltava acrescentar algo a esta afirmação, a GM Harika e suas colegas certamente o fizeram, ao mostrar que nas 64 casas, não há espaço para o préconceito.

Campeonato Brasileiro de Xadrez – Final

Está em andamento a final do 82º Campeonato Brasileiro de Xadrez, sob organização da CBX. O torneio se realiza nas dependências do Clube de Xadrez Guanabara (mapa aqui).
Entre os 12 finalistas, temos 2 Grandes Mestres: Rafael Leitão e Krikor Mekhitarian, além de 5 MI´s e 4 MF´s. O único não titulado é Rafael de Souza, de Pernambuco, que vem com bom desempenho após 5 rodadas (Rp = 2408). O representante potiguar é o Mestre Internacional Iack Macedo, que está em sua sexta final de brasileiro.
Abaixo a tabela cruzada com classificação após 5 rodadas:


As partidas podem ser seguidas ao vivo pelo servidor Chessbase. Mais detalhes na página da CBX.

Será o fim dos livros de xadrez? (II)

Há alguns meses, escrevi aqui sobre o fim dos livros de xadrez. O mote foi a percepção que tive da escassez crescente de títulos sobre nosso amado jogo nas maiores, e menores, livrarias das cidades por onde tenho andado. Infelizmente, daquele texto para cá, a situação só piora.

Desta vez, acredito que o sinal de decadência é claro e irreversível. Vejam só o que descobri na seção de xadrez de uma grande livraria de um grande shopping da cidade do Rio de Janeiro:

Seção de xadrez numa das maiores redes do país.

Chegamos ao ponto de a seção de xadrez ser composta basicamente de livros sobre o jogo de Pocker (que tem atraído muito enxadristas, pelas similaridades analíticas e pelo potencial financeiro bem maior). Até aí, o susto estava moderado. Peguei, então, um dos poucos livros de xadrez na seção e me deparei com mais um disparate:

Um guia “definitivo” com dois erros grosseiros logo na capa.

Como pode a editora deixar passar uma capa dessas? Com dois erros crassos!? Uma que salta aos olhos: os cavalos e os bispos com a posição trocada (o outro erro, deixo como desafio ao leitor).

A desilusão estava grande, e fui caminhando para a saída da loja, onde estavam títulos com grande desconto, a maioria por R$ 9,90. Fiquei ali remexendo nos livros em oferta e tive a maior surpresa do dia:

 

Um clássico, jogado ali, entre as pechinchas.

O volume I da coleção predecessores do Kasparov (que, aliás, é o último dos grandes campeões do mundo cuja obra literária é digna de nota), em inglês (a original), em capa dura, ali, jogado no meio de livros sobre esoterismo e auto-ajuda. Um insulto sem tamanho! Lembro que, não tem nem um ano, eu vi o mesmo volume noutro local por mais de R$ 100.

Reduzida a indignação, fiz a única coisa decente para a ocasião: comprei o livro e saí limpando os pés na soleira da loja.

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