Com muita alegria recebemos o aceite do MF Adriano Valle em participar desta série de entrevistas aqui do LQI.
Adriano tem vasta experiência como jogador e treinador, também é um artista com lápis, tintas e pincel. O aspecto artístico do xadrez é um dos guias que ele usa para a geração do conteúdo de suas aulas, textos e vídeos que estão no seu canal do YouTube.
Ele, gentilmente, reservou um tempo para responder algumas questões para o LQI.
1) Adriano, você já é um conhecido mestre e instrutor, um dos pioneiros de aulas pelo Youtube. Mas fale um pouco mais sobre você, em especial aquilo que não tem a ver com xadrez. Nasci em Brasília em 64 (olha o Xadrez aí!) e desde cedo descobri uma outra paixão que me acompanha até hoje: o Desenho. Gosto de Artes Visuais em geral: Desenho, Pintura, Fotografia, Artes Gráficas, etc. Estudei na UnB onde me formei em Publicidade e Propaganda e anos mais tarde voltei para estudar Artes Plásticas. Sou casado há 18 anos e pai de 2 filhos adolescentes. Curto a natureza e adoro caminhar em Brasília, que é uma cidade muito verde e com amplos espaços.
2) Você conhecia o blog Lances Quase Inocentes (LQI)? Sim, já conhecia e aprecio bastante seus textos. Adquiri todos os seus livros em formato Kindle. Uma prova de como Xadrez e Literatura podem andar juntos. Gosto muito de textos sobre Xadrez que não são meramente técnicos, assim como gosto de ver o Xadrez como tema de Artes Plásticas, Cinema e Ciência.
3) Como você aprendeu xadrez e como esse jogo se tornou importante na sua vida? Aprendi Xadrez aos 11 anos, com meu tio Romênio, que hoje mora em Belo Horizonte. Por alguns anos, pratiquei o Xadrez caseiro. Jogava com primos e tios sempre que podia. Joguei o primeiro torneio aos 16 anos. Foi nessa época que descobri que havia um Clube de Xadrez em Brasília, que havia torneios oficiais, livros e revistas. Um universo se abriu. Comecei a estudar por prazer e não por objetivos competitivos e quando, aos 22 anos, me tornei Campeão Brasiliense pela primeira vez, o Xadrez já era algo muito importante em minha vida há muitos anos.
4) Em 2010 participei de um torneio em Brasília e foi lá que te conheci, pois você foi o campeão do evento (invicto com 6 pontos em 7 partidas). Hoje em dia, você ainda compete regularmente em torneios ao vivo, ou prefere partidas online? Nas décadas de 80 e 90, eu ainda viajava com frequência para jogar torneios fora de Brasília. Hoje em dia, aproveito para jogar os torneios nacionais que eventualmente acontecem na cidade, mas as responsabilidades com a família e o trabalho dificultam bastante jogar em outras cidades. Jogar online é divertido, mas não substitui a experiência de se jogar ao vivo, contra fortes jogadores, de preferência no ritmo “pensado”. Ainda pretendo jogar muitos torneios, também fora de Brasília, quando a situação permitir.
5) Gerar conteúdo sobre xadrez é uma tarefa árdua, pois a audiência é bastante crítica e seletiva e o retorno ao tempo dedicado costuma ser baixo. No teu caso, esses conteúdos fazem parte de um projeto de ensino de xadrez. Qual tua motivação para superar essas dificuldades e ter um hoje um canal consolidado de vídeos de xadrez? Minha motivação é exatamente por ser esta produção de material didático parte de um projeto de ensino. Produzo conteúdos com o objetivo de transmitir minha experiência e minha visão do Xadrez aos alunos e seguidores no YouTube. Considero uma tarefa muito agradável.
6) Ainda há espaço para livros de xadrez, ou concorda com um dos textos mais lidos do LQI que fala que eles estão chegando ao fim? Acredito que o texto, como meio de expressão, ainda está muito vivo. As mudanças decorrentes da tecnologia são em relação aos formatos. O formato impresso tem muito mais custos de produção industrial e distribuição, por isso estão cada vez mais raros nas prateleiras das livrarias. O formato digital tem suas vantagens. Tenho um tablet onde “carrego” centenas de livros. Ficaria impossível levar uma estante para a cama, mas ontem mesmo, antes de dormir, li vários trechos de livros digitais. Apesar de ter me adaptado ao mundo digital, não dispenso o formato tradicional. Posso estar sendo saudosista, mas estudar com livro impresso e tabuleiro é ainda um prazer insubstituível. Também tenho alunos crianças que adoram livros. Em minha opinião, os livros não estão chegando ao fim, mas caminharão paralelamente a outros meios de transmissão.
7) Com a quantidade de material online, aplicativos, blogs, vídeos etc, acredito que é útil estabelecer com o público uma relação de confiança próxima àquela verificada em processos do tipo curadoria de conteúdo. Você percebe que teus seguidores confiam na triagem que você faz para teus vídeos? Tem algum critério que possa nos indicar? Sinto um retorno muito positivo em relação aos vídeos que publico no YouTube e aos cursos online, que produzo desde 2011. O critério que uso para escolher uma partida que será transformada em tema de um vídeo é baseado em fatores didáticos e estéticos. Gosto de ensinar e transmitir beleza simultaneamente. A inesgotável quantidade de grandes jogadores e partidas extraordinárias que encontramos na história do Xadrez e nos dias atuais, facilita bastante essa escolha.
8) Você tem um site e um canal no YouTube. Qual sua impressão sobre os dois formatos? Acho que são complementares. No site, posso registrar análises, artigos mais elaborados, inserir diagramas e visores de partidas, oferecer downloads, além de incluir os próprios vídeos do YouTube e armazenar tudo de forma organizada. No canal, posso oferecer um conteúdo dinâmico e criar um vínculo com a audiência, servindo também de divulgação para meu trabalho como professor e treinador na Academia XadrezValle, que tem sede física em Brasília e versão EaD.
9) Pode deixar uma mensagem final para os seguidores do teu canal e leitores do LQI? Agradeço imensamente a oportunidade de participar do LQI! Vejo com muito otimismo o crescimento do Xadrez no Brasil e no mundo, com tantos torneios, clubes virtuais, canais no YouTube, cursos, aplicativos de treinamento e sinto-me honrado por ser um desses mensageiros do Xadrez. Juntos levaremos nossa bandeira a cada vez mais pessoas!
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Adriano, o LQI agradece pelo tempo que dedicou para responder às perguntas e te parabeniza pela dedicação ao xadrez, que se reflete no primoroso trabalho que você vem realizando. Quando estiver em Brasília, certamente farei uma visitra à Academia! Grande Abraço!