Já tem um tempo que estou pensando em escrever sobre o GM Rafael Leitão e sua excelente iniciativa de fundar a Academia Rafael Leitão.
Rafael, nordestino, natural de São Luís – MA, é referência no xadrez brasileiro desde sua infância, quando foi campeão mundial pré-infantil (sub-12) aos 11 anos de idade, frente a nomes como Peter Leko (que anos depois foi vice-campeão mundial absoluto). Anos mais tarde, Rafael foi campeão mundial juvenil (sub-18). Atualmente é o número 1 do Brasil, além de ter-se consagrado campeão nacional inúmeras vezes.
No auge da carreira, cheio de conquistas, Rafael fez algo que poucos GMs brasileiros fizeram: colocar em risco seus resultados como jogador e resolver empreender na área de educação enxadrística.
Em nosso país, no xadrez, bem como em outros esportes, não temos tradição de formar talentos, eles aparecem por esforço pessoal, como o caso de Mequinho na década de 1960, e de todos os outros grandes mestres brasileiros. Todos sabem que Mequinho chegou a ser o 3° melhor enxadrista do mundo na década de 1970. Ele estava obcecado pelo desejo de se tornar campeão do mundo, mas ficou muito doente e se afastou por mais de 10 anos. Ao retornar às competições, jamais voltou ao mesmo nível, mas continua com a ideia fixa de ser campeão mundial. Perdemos, assim, a chance de ter um dos melhores jogadores brasileiros dedicado a ensinar às novas gerações.
Essa lacuna está a ser preenchida pelo GM Leitão, que demonstra ver em seus cálculos muitos lances a frente, não somente no tabuleiro! E eu acredito que esta iniciativa será próspera e longeva, por algumas qualidades que são notórias em nosso campeão: amor ao jogo, didática e seriedade perante o jogo.
Nas poucas vezes em que pude ver Rafael jogando, me impressionei sempre com a postura dele, de longe o que demonstrava mais seriedade jogando, mesmo frente a jogadores bem mais fracos.
Parabéns GM Leitão, essa sua iniciativa é, sem dúvidas, o impulso necessário para o crescimento da qualidade enxadrística em nosso país.
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