Escudeiro de Caíssa em novo formato

O excelente livro do nosso amigo Fernando Melo está disponível agora em formato e-book para o leitor Kindle.

Reino de Caíssa é uma obra que nos conta momentos marcantes da história de Bobby Fischer como grande campeão e ídolo do xadrez, bem como do amor do autor pelo mestre e pelo jogo.

Versao em papel (Blog Reino de Caíssa)

O livro existe na versão em papel e agora alcança uma maior audiência potencial com a adoção do novo formato.

Livros digitais vieram para ficar, com e-readers cada vez melhores, com maior autonomia de bateria, em breve com opção de cores na tela e-ink e com aplicativos gratuitos para celular que já permitem a reprodução de conteúdo colorido.

Assim, parabenizo o autor pela iniciativa, emriquecendo nossa literatura nacional (e nordestina) sobre o xadrez.

Sinopse:

Neste livro sobre o Robert James Fischer, ou Bobby Fischer, como ele se tornou conhecido e idolatrado, o leitor não vai encontrar passagens exaustivas sobre a vida do genial enxadrista americano. Nota-se com facilidade que não foi o propósito de Fernando Melo escrever uma biografia completa do saudoso ex-campeão mundial. A obra está perfeitamente delimitada naqueles que, para o autor, foram os momentos mais intensos da carreira enxadrística de Fischer, com ênfase no seu significado para o xadrez e não nas suas idiossincrasias ou personalidade polêmica.

Sob alguns títulos bem criativos, os capítulos retomam a campanha do americano em todos os torneios de relevo de que participou, amparados em uma investigação de cunho jornalístico, que buscou contribuições de alguns dos principais autores sobre Fischer.

Com números que realçam os seus feitos, reprodução de comentários de especialistas e jogadores da época (muitos dos quais seus rivais russos), além, é claro, de partidas célebres selecionadas de Fischer (com links para as mesmas no site chessgames.com), o livro de Melo (agora em versão digital), na sua linguagem que lhe é peculiar, há de agradar ao seu público, quem sabe contribuindo para despertar neste também uma admiração especial por aquele que, para muitos, foi o maior enxadrista da história!

Trecho da Introdução:

“Quando Bobby Fischer diz que o xadrez é vida, eu me emociono, porque não existe definição mais precisa e completa. E com o passar do tempo fui descobrindo, dia após dia, que o xadrez é mesmo a poesia da mente! Quando jogamos, nossa mente se desdobra, torna-se ativa, pulsante, vigilante. E nesse conjunto, resta lugar para a poesia, que é a expressão maior de uma mente lúcida, terna e saudável.

Se você estudar as partidas de Fischer com mais atenção, capricho, dedicação, verá que existem versos em lugar de lances, tal a beleza do cálculo que ele impõe a algumas de suas jogadas mais marcantes. Eu fui de uma felicidade sem par quando descobri a importância de Fischer para o xadrez. E hoje, no crepúsculo do meu inverno, posso afirmar com segurança que, no xadrez, Bobby Fischer é a poesia da mente!”

Fernando Melo

♚♕♝♘♜♙

Fundamentos do Xadrez, por Capablanca

Após cem anos de seu lançamento em língua inglesa, a obra magistral do grande campeão mundial de xadrez José Raúl Capablanca, “Chess Fundamentals”, recebe sua primeira tradução em língua portuguesa. Obra inteiramente revisada, enriquecida com notas históricas, novos diagramas e em notação algébrica.

É com muita alegria que eu, Rewbenio Frota, e meu filho Paulo Tashiro Frota, finalmente lançamos a primeira tradução em língua portuguesa do clássico Fundamentos do Xadrez, do grande José Raúl Capablanca.

Tradutores da obra (Paulo Tashiro Frota e Rewbenio Frota, filho e pai, respectivamente)

A ideia de traduzir este clássico surgiu há muitos anos, em 1998 quando eu era ainda um estudante, como uma maneira de estudar de ponta a ponta a versão em espanhol do livro, com adicional motivação de finalmente trazer seu conteúdo para a língua portuguesa. Muitas dificuldades práticas se impuseram, e acabei “engavetando” o projeto, que ficou como um arquivo de word em algum disquete, depois CD e finalmente HD de backup.

Com a entrada do livro em domínio público, há quase 10 anos, achei que logo apareceria uma versão profissional em português, pois havia o incentivo adicional para tradutores e editores de poder comercializar a obra do grande campeão cubano. Mas isso não aconteceu.

Decidi retomar o trabalho, com a ajuda do meu filho Paulo Tashiro Frota e das facilidades tecnológicas que permitem, por exemplo, editar diagramas, conferir termos de tradução, etc, de maneira muito mais rápida que em 1999.

Como o original do livro saiu em inglês em 1921, antes mesmo da versão em espanhol (língua materna de Capablanca), passamos a utilizar como base para a tradução o arquivo disponível no site do The Project Gutenberg, mantendo a versão em espanhol (muito difundida no Brasil) apenas como referência.

O lançamento em 2021 se mostra alvissareiro, pois a obra completa cem anos de seu lançamento original (em língua inglesa), Chess Fundamentals, em Londres, pela editora  G. Bell & Sons. Além disso, também este ano celebra-se um século da conquista do título mundial por Capablanca em seu match contra Lasker realizado na cidade de Havana em 1921.

Primeira edição da obra clássica de Capablanca.

Fundamentos do Xadrez foi escrito para ser uma obra permanente, como o próprio Capablanca explica no prefácio à segunda edição de 1934, os fundamentos não mudam jamais! E ele ainda acrescenta: “Fundamentos do Xadrez foi a única obra padrão de seu gênero há treze anos, e o autor acredita firmemente que é a única obra padrão de seu gênero agora”

Capablanca em ação (colorida por Olga)

O livro é voltado para iniciantes, que precisam somente saber como mover as peças para iniciar sua leitura. Na primeira parte da obra, o grande campeão ensina com simplicidade e clareza os conceitos mais importantes do xadrez em suas três fases: abertura, meio-jogo e finais de partida. Na segunda parte do livro, como síntese, Capablanca demonstra a aplicação desses fundamentos em 14 partidas contra destacados mestres, que são detalhadamente comentadas.

Nesta primeira tradução em língua portuguesa, a linguagem do mestre é mantida o mais próxima possível do original, atualizando termos para o jargão mais atual quando necessário. A notação foi atualizada para o sistema algébrico, único reconhecido oficialmente nos dias de hoje.

É, portanto, com muita alegria que podemos oferecer ao leitor de língua portuguesa este clássico da literatura técnica enxadrística que, embora antiga, é de atualidade tremenda, na lucidez dos conceitos de Capablanca, na visão estratégica, no foco que tinha no cuidado com os finais de partida. Segue sendo, como nas palavras de Botvinnik, talvez “o melhor livro de xadrez jamais escrito”.

♚♕♝♘♜♙

Novo livro brasileiro de xadrez

O Mestre Internacional de xadrez Marcos Paolozzi (de quem já falei no site amigo Reino de Caíssa) nos brinda com um excelente livro, muito bem escrito, editado com capricho, no qual nos mostra detalhes sobre a vida e o xadrez de quatro dos maiores jogadores do Brasil em todos os tempos, os grandes mestres Jaime Sunyé, Gilberto Milos, Giovanni Vescovi e Rafael Leitão. O prefácio é do grande mestre Felipe el Debs.

O livro tem partidas tanto desses mestres brasileiros como de outras lendas do xadrez mundial, tais quais Fischer, Spassky, Korchnoi e Karpov, para contar somente alguns. As partidas são cuidadosamente comentadas pelos próprios mestres. Todas bem diagramadas e em notação algébrica. Uma nova e valorosa contribuição para a literatura brasileira de xadrez!

Exemplo da cuidadosa diagramação do livro

O livro está no formato e-book para Kindle e está gratuito até o dia 04/07/2021! Não perca a chance!

Abaixo uma rápida apresentação do MI Marcos Paolozzi escrita por ele mesmo no livro:

Marcos Paolozzi apaixonou-se pelo xadrez aos onze anos, e tornou-se Campeão Brasileiro e Mestre Internacional. Atualmente desenvolve atividades de consultoria de valores mobiliários e “coaching” de equipes e indivíduos.

MI Marcos Paolozzi

O MI Marcos Paolozzi foi campeão brasileiro de xadrez em 1983 (junto com Sunyé) e já esteve entre os 400 melhores enxadristas do planeta! Ele mantém um perfil profissional no Linkedin e está à frente do site ChessAcademy.

♚♕♝♘♜♙

Quase a última derrota de Capablanca

Análise do grande Capablanca, terceiro campeão mundial de xadrez, daquela que foi quase sua última derrota.

Com sabem, o grande José Raul Capablanca y Graupera perdeu pouco mais de 50 partidas em toda a sua carreira profissional. Muitas delas, como se vê ao analisar tais derrotas, frutos de certo descuido do grande campeão mundial que, em face de sua enorme compreensão do jogo, por vezes passava por alto as ameaças dos rivais.

E sua obra clássica, Chess Fundamentals, de 1921, Capablanca lançou de forma didática as bases de seu modo de pensar o xadrez. Na parte final do livro, ele analisa por completo 14 partidas, muitas das quais perdidas por ele. Trata-se de uma fonte maravilhosa de ensinamentos.

Uma delas chama a atenção: sua derrota contra Oscar Chajes, no torneio em memória de Leopold Rice, em 1916. Chajes foi um mestre norte-americano de origem austro-húngara (hoje parte da Ucrânia) que era também secretário de Leopold Rice em seu cube de xadrez. Ele foi campeão do estado de Nova Iorque várias vezes.

Durante mais de 8 anos, esta foi a última derrota de Capablanca, até ter que inclinar seu rei contra Reti, no lendário torneio de Nova Iorque de 1924.

Levando em conta o valor dos ensinamentos de Capablanca, traduzi e atualizei a notação da análise que faz de sua partida contra Chajes. Chamo atenção em especial ao estilo pessoal das notas do grande cubano, da maneira como se culpa pelos erros e como enaltece os acertos do adversário.

Com a palavra, Capablanca, conforme nos deixou em seu famoso livro:

Você precisa ativar o JavaScript para melhorar a vizualicação das partidas de xadrez.

***

Será o fim dos livros de xadrez? (III)

Livros de xadrez ainda têm espaço nos dias atuais? Uma foto recente do campeão mundial de xadrez pode nos dar uma resposta a esta pergunta.

Um dos textos mais lidos deste blog foi Será o fim dos livros de xadrez? (2013), que recebeu um rápido adendo alguns anos depois. Chegou a hora da parte III!

O estopim daquele primeiro texto foi a percepção de que as livrarias físicas não estavam mais oferecendo livros sobre nosso amado jogo. E foi uma observação certeira, em parte pela própria crise no mercado editorial nacional que já se iniciava, em parte pelos fatores que levantei na época, principalmente o reduzido interesse na nova geração de jogadores de elite em publicar livros.

Hoje, os meios mais usados pelos novos estudantes do jogo são aulas em vídeo, aplicativos para prática de posições chave e tática e, no final da fila, alguns seletos livros clássicos.

Esses clássicos, por sinal, continuam a despertar interesse dos aficionados, um dos exemplos é o texto do GM Rafael Leitão sobre os 20 livros que o ajudaram a se tornar GM, que aparece como um dos destaques em sua página na internet. Outro artigo destacado de Leitão é sobre os melhores livros de xadrez já escritos.

Recentemente, um amigo me perguntou porque eu ainda estava empenhado em produzir material sobre xadrez em forma de livros (no meu caso, ebooks), uma vez que as pessoas leem cada vez menos. Respondi que o fazia por ser primeiro um objetivo pessoal, fruto do fascínio que tenho por livros, e também pela memória afetiva que adquiri ao longo dos estudos sobre xadrez.

Admito que a palavra escrita tem perdido a popularidade apesar da disseminação do formato de livro digital. Basta ver a relativa decadência dos blogs frente aos canais do YouTube.

Mas haverá, ainda, espaço para os livros?

Na última semana, apareceu em alguns grupos de xadrez online a seguinte foto do campeão mundial de xadrez Magnus Carlsen:

A principal reação das pessoas foi descobrir qual seria aquele livro ao lado de Carlsen. Isso serviu de claro exemplo para muitos de nós de que não é a chegada de novos formatos que fará o livro desaparecer. Mesmo o melhor do mundo os utiliza, em formato físico, com tabuleiro físico, de tempos em tempos.

Lembrando as palavras de Kasparov, os “livros empoeirados” ainda ajudarão a formar muitas gerações de jogadores.

P.S.: o livro na foto é Chess Strategy in Action, escrito pelo MI norte-americano John L. Watson (que deve estar bastante contente com a publicidade gratuita!)

Um dos segredos do treinamento de Magnus Carlsen?

***

Sair da versão mobile