Campeonato Brasileiro de Xadrez – Final

Está em andamento a final do 82º Campeonato Brasileiro de Xadrez, sob organização da CBX. O torneio se realiza nas dependências do Clube de Xadrez Guanabara (mapa aqui).
Entre os 12 finalistas, temos 2 Grandes Mestres: Rafael Leitão e Krikor Mekhitarian, além de 5 MI´s e 4 MF´s. O único não titulado é Rafael de Souza, de Pernambuco, que vem com bom desempenho após 5 rodadas (Rp = 2408). O representante potiguar é o Mestre Internacional Iack Macedo, que está em sua sexta final de brasileiro.
Abaixo a tabela cruzada com classificação após 5 rodadas:


As partidas podem ser seguidas ao vivo pelo servidor Chessbase. Mais detalhes na página da CBX.

Prof. Ari Maia: Minha Verdade

Vale a pena conhecer (original em http://xadrezbrasileiro.blogspot.com.br/):

“Caros amigos:

Informo que não pertenço mais à Diretoria da Confederação Brasileira de Xadrez, por decisão unilateral do presidente da entidade, que não teve sequer a ombridade de escrever um email me comunicando o fato. Soube que estava fora da diretoria por meio de consulta individual ao website da entidade, no dia de hoje, ao constatar que meu nome não cumpunha o rol de dirigentes da entidade.

O fato não me causou estranheza e faz parte de uma série de pequenos divergências entre eu e o presidente da entidade, que relato a seguir. Não quero ser o dono de todas as verdades, apenas contar a minha versão.

1º fato: a questão das anuidades
Assim que assumiu a diretoria da CBX, o presidente onerou toda a comunidade enxadrística, por meio do aumento geral das taxas. O mais gritante foi a taxa de anuidade dos jogadores que não possuem rating FIDE, que passou de R$ 40,00 para R$ 80,00, ou seja, um aumento de R$ 100%.

2º fato: o repasse das anuidades às federações da “oposição”:
Esse é um dos grandes absurdos do xadrez brasileiro. Se você é amigo do poder, recebe o repasse de 30% do valor das anuidades, se é inimigo não recebe nada. Paraná e Santa Catarina estão sem receber o dinheiro que lhes é devido simplesmente porque são oposição à atual diretoria. Essas federações estão entre as que mais pagam anuidade à entidade e sempre se arranja uma “solução técnica” para inviabilizar o pagamento. No nosso entender, o repasse tem que ser automático e não político como é hoje. Ademais, precisamos lembrar que até outro dia, o repasse das anuidades era de 50%.

3º fato: Má vontade em aceitar federações novas que venham a se transformar em oposição
Se as Federações estão atrasadas no pagamento de anuidades, elas são suspensas, o que é muito natural. Pela lei brasileira, só se pode cobrar, a princípio, os últimos cinco anos das anuidades. A conta então seria, por exemplo, R$ 300,00 x 5 = R$ 1.500,00 + juros. Estão cobrando verdadeiros absurdos das Federações inadimplentes. Há algumas que foram desmobilizadas há mais de 10 anos e a conta cobrada está na estratosfera. Federações na sua maioria composta por diretores de recursos limitados e com comunidade enxadrística que não tem culpa das dívidas. Minha proposta sempre foi a de anistiar as dívidas e de recompor a base de Federações do xadrez brasileiro. Isso geraria democracia, pois todas poderiam ter novamente o direito de votar nas Assembleias. A atual diretoria não quer isso, pois isso poderia significar uma mudança radical no quadro eleitoral do xadrez brasileiro.

4º fato: Xadrez EAD
A empresa Xadrez EAD (J. M. BATISTA – EDUCAR E ENSINAR – ME) CNPJ 17.661.763/0001-86 (fundada em 26/02/2013) foi fundada muito recentemente para ser uma consultoria de suporte à CBX. Não houve nenhuma discussão para saber se essa era a empresa mais adequada para ministrar cursos à distância para a CBX. Indagado por mim quem seriam os proprietários e a sede da entidade, o presidente recusou falar. Para saber essa informação, precisei contar com ajuda de terceiros. Hoje sabemos que é uma empresa montada em Santa Maria do Jetibá – ES, no endereço R HERMANN ROELKE 51, apartamento 201. Não consegui conferir se esse é um endereço residencial ou comercial. O que me preocupa é o porque o presidente tem que esconder isso do Vice Presidente de Relações Interiores da CBX, uma vez que essa decisão deveria passar pela diretoria. Se a empresa é legal e os seus sócios são conhecidos, bastava declinar os nomes. Ademais, como são escolhidos os tutores e como se dá a remuneração deles e da empresa? Perguntas nunca respondidas.

5º fato: Assembleia da CBX
Em 30 de abril de 2013, para desconhecimento da maioria dos representantes de Federações, aconteceu na modesta cidade de Castelo/ES uma Assembleia, cujo edital, sem papel timbrado, ( http://www.cbx.org.br/files/downloads/ago042013.pdf ) foi colocado na seção mais escondida possível do website da CBX. O objetivo, é claro, foi não permitir ampla oportunidade de participação na reunião. Questionado sobre porque não havia pelo menos me avisado, já que era o Vice Presidente de Relações Interiores e, uma vez sabendo da reunião, deveria enveredar esforços para a promover a participação de todas as federações regulares, o presidente simplesmente me disse que não me informou porque achava que eu não ia. Ora, a decisão de eu ir ou não ir é minha e os informes não podem estar condicionados aos meus trabalhos junto à FBX brasiliense, o aviso estava entre as minhas atribuição como Vice-Presidente. No meu entender, a Assembleia é um dos fatos mais importantes da gestão, muito mais do que qualquer evento de xadrez. A publicidade tem que se dar na parte frontal do website, para todos saberem. Em se tratando de Assembleia, já que não será realizada na sede da CBX, então que se realize em uma capital que tenha voos nacionais a partir de qualquer estado, como Brasília, Rio de Janeiro ou São Paulo, por exemplo. Temos que dar amplas condições para que todos venham à reunião. Colocar Edital no submundo do website é falsa democracia.

6º fato: Política de promoção e escala da arbitragem
Não sei se todos tem conhecimento, mas nesse país é difícil a atuação dos árbitros de xadrez, caso estejam na oposição. Há, por exemplo, um árbitro de xadrez no Estado do Rio de Janeiro, que já preencheu todas as normas para Árbitro Internacional e o nome dele não vai pra FIDE, simplesmente porque diz as verdades no terreiro do presidente. Outro, do mesmo estado, está arbitrando tudo que aparece, no Brasil e no exterior. Esse árbitro é brilhante, mas ele sabe que se tivesse na oposição, não teria nem a metade do currículo de arbitragem que tem hoje. Nas Olimpíadas, o critério é ser amigo ou não do presidente da CBX. Se for, é escalado, se não for, não é escalado. Essa coisa, que existe em vários esportes, o rodízio das oportunidades na escala da arbitragem é ignorado nesse país. É preciso mudar essa situação: a escolha dos árbitros no Brasil não pode ser um critério político. Arbitragem é algo importante para o nosso esporte e merece respeito. 

7º fato e principal: Cobrança de venda casada por parte da empresa Stiu Projects
A empresa Stiu Projects, de propriedade do presidente Darcy Lima, é o seu braço direito, quando ele quer ganhar dinheiro com o xadrez. Nada contra. Quero que todos que possam, ganhem bastante dinheiro praticando o nosso esporte. O problema é que isso tem que ser feita de forma legal. O Festival Panamericano de Xadrez da Juventude, orgulho, em princípio para todos os brasileiros, será realizado no mês de julho em Poços de Caldas/MG. Tudo certo, lindo e maravilhoso, até aí. O problema é que o organizador é a própria Stiu Projects, de propriedade do presidente Darcy, que escolheu ele mesmo o organizador do evento (o que é, no mínimo, falta de ética). Mas o  problema maior é que ele está vendendo de forma casada a inscrição e a hospedagem no torneio, fato que fere frontalmente o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Nos outros países isso é algo natural, mas aqui é absolutamente ilegal. Esse fato aconteceu no ano passado em Caldas Novas/GO, mas ninguém fez nada. Bastava que alguém tivesse entrado com denúncia junto ao Ministério Público ou Delegacia do Consumidor para que ele fosse notificado e, caso, desobedecesse à Justiça, poderia até ser preso. Mas, o destino nos deu uma nova oportunidade; se ficarmos calados, novamente, nada acontecerá e o presidente da entidade encherá os bolsos, utilizando recursos de ilegalidade, frente à legislação brasileira. Quero que o nosso presidente e os demais enxadristas fiquem ricos, mas de forma honesta. Praticar venda casada não dá, ainda mais partindo do nosso presidente, que deveria ser o primeiro a zelar pelas leis e regulamentos.

Por tudo isso, meus amigos, eu fui retirado da CBX. Saio de cabeça erguida, olhos abertos e coração transparente. Já é chegada a hora da verdade. Viva o xadrez!

Árbitro FIDE Francisco Ari Maia Júnior”

Um menino, o Xadrez Básico e o Título de Mestre Nacional



Imaginem um menino que, das 64 casas, só conhecia o jogo de Damas. Um belo dia, esse garoto, passando pela alameda de sua escola, percebe umas figuras diferentes sobre o tabuleiro tão conhecido e desprezado. Foi uma surpresa e tanto.

Eram muitas as novas “pedras” que se moviam de forma um tanto misteriosa naquele primeiro encontro. Só reconhecia ali o cavalo, que, vira e mexe, aparecia em alguma alegoria na televisão.

Ao chegar em casa, depois da aula, no tempo em que era possível uma TV sintonizar somente seis canais e uma casa ter, quando muito, somente um aparelho fixo de telefone, o menino não conseguia se distrair de sua nova obsessão.

Mais tarde, quando sua mãe também chegou, cansada do trabalho, ele não a largou enquanto não a convenceu de comprar-lhe um jogo de, já sabia como se chamava, xadrez.

– E você sabe jogar isso, menino? Aqui em casa ninguém joga isso.

– Não mãe, mas vou aprender.

Foi como um novo mundo, desvelado assim, em códigos, nos movimentos de seis diferentes figuras, peças, nunca mais “pedras”. Era um Colombo juvenil, redescobrindo pela primeira vez, os encantos que seduziram tantos antes dele.

Não tardou para ser tomado da sede de saber. E lhe foi dito:

– Arranje um “Xadrez Básico”, leia-o de cabo a rabo, e aprenderás a jogar.

Ganhou da mãe um livro de aspecto diferente, grosso e estreito, de capa vermelha, com um belo desenho de peças que se refletiam alternando suas cores. Com cuidado foi folheando o livro, lendo pela primeira vez na vida sobre a existência de jogadores lendários, como Phillidor, Andersen, Morphy, Steinitz, Lasker, Capablanca e tantos outros. Ficava horas decifrando o démodé sistema descritivo que registrava as partidas magistrais no livro.

O autor do livro ostentava dois títulos que impressionavam: Doutor (médico) e Mestre Nacional de Xadrez.

Muitos anos depois, sem ter lido todo o seu ‘Xadrez Básico’ (e, talvez por isso, não jogasse tão bem), o menino cresceu, tornou-se homem e enxadrista, mas nunca mais ouviu falar de outro Mestre Nacional de Xadrez no Brasil. Ouviu, sim, falar dos nossos Mestres e Grandes Mestres Internacionais, mas jamais outro Mestre Nacional.

O livro foi escrito no ano de 1954, apenas dois anos antes o Brasil havia tido seu primeiro Mestre Internacional de Xadrez, Eugênio German, e somente teria um Grande Mestre vinte anos depois (Henrique Mecking). Era uma época em que se valorizava o título nacional de mestre.

Por algum motivo esse título foi esquecido, caiu em desuso no Brasil. O menino, agora homem, olhava seu ‘Xadrez Básico’ de soslaio, pensando: “será que o último mestre nacional vai ser mesmo o Dr. Orfeu D’Agostoni?”.

Uma geração de mestres de verdade passou sem reconhecimento. O xadrez é um jogo difícil e duro com seus profissionais, muitos talentosos mestres não conseguiram alcançar a esfera internacional, mas no Brasil eram jogadores respeitados, só que sem título algum.

Aliás, no xadrez, em suma, só há dois títulos: ou você é mestre, ou você é carinhosamente apelidado de ‘capivara’. É muita injustiça deixar tanto jogador forte no rol dos capivaras, não é?

É não, era injustiça, pois a nossa Confederação Brasileira de Xadrez acaba de ressuscitar o título de Mestre Nacional. Se você tem ou já teve uma pontuação de pelo menos 2200 no rating CBX ou FIDE, seu título está garantido.

Certamente, muitos dos novos mestres titulados lembrarão emocionados que foi no livro volumoso, de capa vermelha, que deram seus primeiros passos rumo à maestria no xadrez! Dr. Orfeu não foi o último, mas o patrono duma legião de mestres nacionais, agora justamente reconhecidos.

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Enxadristas no Brasil (2005-2010)

Há alguns meses estava para divulgar aqui um interessante estudo que fez o Prof. Ari Maia, que está em seu site Xadrez Brasil. Ele disponibilizou dados, fornecidos pela CBX, sobre cadastros de jogadores brasileiros entre 2005 e 2010.
Os números mostram crescimento da quantidade de enxadristas com cadastro (portanto participantes de competições oficiais) em praticamente todas as regiões, apesar de ainda ser um número percentual muito pequeno de adeptos do Xadrez em nosso país .
Usando a interessante ferramenta Many Eyes da IBM, coloquei os dados num formato mais interativo que permite fazer diferentes vizualizações.
Primeiro o gráfico iterativo por estado:

Nos gráficos acima, quanto mais escuro o estado, maior o número de enxadristas cadastrados. Percebe-se que o estado de São Paulo lidera com boa folga. Olhando o mapa de 2005 e o mapa de 2010, observa-se que o mais recente está, no geral, mais escuro que o de 2005, o que representa aumento no número total de enxadristas com cadastro CBX nesses últimos 6 anos.

Agora o gráfico por região:

Percebe-se que a região sudeste amplia seu domínio, mas que as demais regiões cresceram também, exceto a região Sul, com pequeno decrescimento em 2010 no número de enxadristas cadastrados.

Vamos torcer para que o crescimento continue em 2011 (e depois também).