QUAL SUA META NO XADREZ? (II)

Poucas respostas, mas já uma revelação interessante: MI ainda não tem nenhum voto!
Penso que essa enquete deve ser respondida como a máxima meta realista, dentro das perspectivas de cada um. No geral, o sonho de todo enxadrista iniciante é um dia ser GM, sem dúvida, mas a vida tem suas próprias variantes, e nem sempre é possível. Continuo observando os números da enquete, que começa a ficar interessante.

Novo blog de xadrez no ar (II)

O incansável organizador, árbitro, patrocinador e divulgador do xadrez brasileiro, Prof. Ari Maia, lançou mais um blog para suplementar o site da Associação dos Enxadristas do Estado do Ceará (AEEC): é o http://www.aeecxadrez.blogspot.com/ no qual as noticias das atividades da AEEC e do xadrez cearense em geral  podem ser acessadas e comentadas livremente. Já está adicionado à barra de blogs favoritos que vocês podem ver no lado direito da página.

140º TORNEIO RÁPIDO ADX (20 MIN KO)

Após 2 meses longe dos tabuleiros, resolvi matar a saudade nas sempre agradáveis instalações da Academia Damasceno de Xadrez (ADX), em Natal-RN.  Aos domingos, pontualmente às 14 horas, tem início um torneio semanal de xadrez rápido, com 6 rodadas em cadência de 20 min KO. No restante da semana, há torneios de xadrez relâmpago (15 min KO em 7 rodadas) nas terças e quintas a partir das 19 horas.

Hoje, realizou-se o 140º Torneio Rápido, no qual tive a felicidade de ser o vice-campeão, derrotado apenas pelo campeão MF Roberto Andrade que venceu suas 6 partidas.

Rewbenio Frota (vice-campeão), MF Roberto Andrade (campeão), exibem  os envelopes com a premiação
Sege abaixo a classificação final do evento:

140º TORNEIO DE XADREZ RAPIDO 31.07.11 – Round 6
Classificação Final
Place Name                Feder Rtg Loc  Score Wins M-Buch. Berg.
  1   ROBERTO, ANDRADE              2381 6        6    15.5 23.50
  2   REWBENIO, FROTA               2074 5        5    14.0 15.50
 3-5  BRAGA, JOSE                   2083 4        4    15.5 12.50
      ARTANAEL, COSTA               2154 4        4    14.0 11.00
      RAFAEL, ALBUQUERQUE           2209 4        4    13.5 12.50
 6-8  ALLYSSON, MUNIZ               2025 3.5      3    13.0  8.75
      HELIANTO, LUCENA              2056 3.5      3    11.5  8.25
      ATILA, DAMASCENO              2065 3.5      3     9.5  5.25
9-13  NERI, SILVEIRA                2268 3        3    15.5  8.50
      TALES, GOMES                  2065 3        3    13.0  9.50
      RAIMUNDO, NONATO              2049 3        3    12.5  4.50
      DAVID, FRANKENTAL             1889 3        3     8.5  5.50
      IZAEL, BRASILINO              2017 3        3     8.5  3.50
 14   ALECIO, DAMASCENO             1999 2.5      2    11.5  4.75
15-17 VALERIO, ANDRADE              2024 2        2    11.5  3.50
      ZAPATA, DAMASCENO             1869 2        2    11.0  3.00
      ALEMBERG, MORAIS              1947 2        2    10.5  2.00
18-19 LUIZ, EDUARDO                 1929 1.5      1    12.0  3.75
      THIAGO, AVELINO               1804 1.5      1     9.0  0.75
 20   FERNANDO, BARRETO             1800 0        0    10.0  0.00

Para quem se interessar em participar, segue o contato da ADX:

Academia Damasceno de Xadrez
Av. Antônio Basílio, 4344, Morro Branco. 
CEP 59056-500 Natal-RN 
Tel: (84) 3201-7430
MSN: academiadamasceno@hotmail.com academiadamasceno@yahoo.com.br
Horários de funcionamento:
terças e quintas-feiras 
das 19h30 às 22h; sábados das 9h às 11h30 e domingos das 14h30 às 18h40. 
Mapa:

Relembrando: Anand, enfim um indiano Campeão do Mundo

Sabemos que o xadrez veio da Índia, e foi muito marcante para mim quando um indiano voltou ao topo do xadrez mundial depois de tantos séculos. Na época, 2007, escrevi o texto abaixo, mas, como ainda não tinha este blog, apenas mandei para alguns amigos e deixei guardado. Agora, já próximo de Anand colocar novamente seu título em jogo contra Gelfand (que foi, curiosamente, o vice-campeão do mundial de 2007), decidi compartilhar o texto aqui com vocês. Tentei fugir do jargão enxadrístico, para não ser muito difícil de entender para aqueles que não tem conhecimento profundo das complicadas  intrigas da história recente dos Campeonatos Mundiais de Xadrez. Espero que gostem.

Viswanathan Anand, novo campeão do mundo: o xadrez retorna ao lar
Por Rewbenio A. Frota

A lendária origem do jogo de xadrez nos diz que ele foi criado pelo sábio indiano Sassa, a pedido de seu Rei, que demandara um jogo no qual se pudesse aprender e praticar as mais elogiosas virtudes, como a disciplina, a estratégia e a moderação. Foi o antigo exército indiano que inspirou o sábio Sassa na escolha das figuras que se moveriam sobre um tabuleiro que resumia o mundo em 64 quadrados de fantasia.
A persistência da lenda acima talvez resida na sua interessante continuação, na qual o Rei, muito satisfeito com o jogo, teria dito a Sassa que, como prêmio, pedisse o que bem entendesse. A princípio, o sábio, prudente, recusou, dizendo que a afeição do Rei pelo jogo já era recompensa suficiente. Mas, como o Rei insistisse, Sassa disse que pediria simplesmente um grão de trigo na primeira casa do tabuleiro, dois grãos na segunda, quatro na terceira, sempre dobrando a quantidade de grãos a cada nova casa, até a sexagésima-quarta. O Rei concordou, algo zombador, dizendo que o sábio deveria ter pedido escravos ou marfim. Porém, logo teve que, humildemente, pedir que Sassa voltasse atrás no pedido, pois antes da trigésima-segunda casa, já todo o trigo do reino teria acabado. Estima-se que o pavoroso número de grãos necessários para realizar o desejo de Sassa (264 – 1 = 1,84467441 × 1019) seria suficiente para cobrir toda a superfície do planeta com uma camada de 7 polegadas de trigo!
O fato, comprovado por outras fontes históricas, é que realmente o jogo surgiu na Índia, em torno do ano do 400 a.C., e, a partir de lá, foi-se espalhando pelas terras vizinhas, rumo ao ocidente. Em cada local novo, no curso dos anos, o jogo foi sendo modificado até chegarmos à versão que jogamos hoje, que é praticamente a mesma da idade média, salvo por pequenos detalhes como o roque e a tomada “en passant”.
O xadrez moderno, que desde o século XIX mantém registros regulares de partidas e melhores jogadores, foi dominado pelos europeus, primeiramente franceses, espanhóis e ingleses, mais tarde pelos soviéticos. Apenas alguns poucos foram capazes de tomar da Europa essa hegemonia: os americanos Pillsbury e Morphy no século XIX e Fischer na década de 70. Existe também o registro de um excepcional jogador indiano, Sultan Khan, servo de um fidalgo inglês, que veio a Londres por 3 anos (1930-1933) com seu senhor e foi capaz de derrotar muitos dos melhores jogadores do mundo, incluindo o lendário campeão do mundo José Capablanca. Seria esse o prenúncio do retorno da Índia ao topo do xadrez mundial? Sultan Khan voltou à Índia e nunca mais se teve notícias de que voltou a jogar xadrez.
O mundo das 64 casas sofria desde 1993 de um cisma, causado pelo então campeão mundial Garry Kasparov, que retirou-se da federação internacional e criou sua própria associação de jogadores profissionais. O título oficial ficou errante desde então, nas mãos de excelentes grandes-mestres, mas que jamais venceram Kasparov, que continuava com a aura de invencibilidade e de autenticidade, pois era oriundo de uma linhagem de campeões mundiais que remontava ao século XIX. Em 2000, o título não-oficial passou, para Vladimir Kramnik, que derrotou Kasparov, pondo fim a um reinado de 15 anos. Kramnik foi capaz de reunificar os títulos mundiais no final de 2006.
O próximo campeonato mundial foi realizado neste ano de 2007, de 13 a 29 de setembro. O sistema de disputa envolveu o campeão mundial, Kramnik, e mais 7 grandes-mestres de elite, selecionados entre os vencedores de uma série de super-eventos preliminares. Todos jogaram duas vezes contra todos. O vencedor do campeonato mundial foi o grande-mestre indiano Viswanathan Anand, único invicto no certame.
Anand tem 37 anos de idade, obteve o título de grande-mestre aos 18 anos (1º indiano a conseguir a façanha). Ele é apenas o sexto jogador na história* a liderar o ranking mundial desde sua criação. Atualmente sua pontuação no ranking mundial é de 2801 pontos. Além de Anand, que rompeu a barreira histórica de 2800 pontos em abril de 2006, apenas outros 3 jogadores superaram esta marca: Kasparov (2800 pontos em janeiro de 1990 – ele se aposentou com 2812 e teve um máximo de 2851 pontos), Kramnik (2802 pontos em abril de 2001 – máximo de 2811 pontos) e Topalov (2801 pontos em janeiro de 2006 – máximo de 2813 pontos). Suas principais conquistas anteriores foram: Campeão Mundial juvenil em 1987; desafiante ao título mundial não-oficial em 1995 (derrotado por Kasparov); desafiante derrotado ao título mundial oficial em 1998, (derrotado por Karpov); Campeão Mundial oficial em 2000 (o título não-oficial, mais prestigioso, continuava com Kasparov); Campeão Mundial de Xadrez Rápido em 2003. Além desses títulos, Anand venceu alguns dos principais torneios do xadrez profissional, como os tradicionais Linares na Espanha e Wijk aan Zee na Holanda.
Com a merecida vitória de Anand – desta vez campeão mundial único e indiscutível, herdeiro legítmimo de Steinitz, Lasker, Capablanca, Alekhine, Euwe, Botwinik, Smyslov, Tal, Petrosian, Spassky, Fischer, Karpov, Kasparov e Kramnik – o xadrez completa uma peregrinação de mais de 20 séculos e retorna ao lar.
 
*Situação em 2007
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