Luiz Valente volta aos tabuleiros

É sempre alegre o retorno. Após quase 3 anos, Luiz Valente volta a jogar um evento oficial. Trata-se do IRT de Abertura FBX 2013. Esse é mais um torneio organizado pelo Prof. Ari Maia.

Aliás, não é de hoje o Luiz (e os demais membros do “clã” Araújo) participam dos torneios do Prof. Ari. Abaixo a foto que prova isso:

Equipe da ‘escolinha’ do Colégio Pedro I, alunos do Prof. Ari, durante o III Torneio da Barra do Ceará (foto: Ari Maia)
Bons tempos em que jogavam eu (segundo da esquerda para a direita, com farda do CMF), Luiz Valente (quarto da esquerda para a direita, de camisa verde) e minhas irmãs Suéle e MIlena (as duas no canto direito da foto). Esse era o “clã” Araújo no xadrez escolar de Fortaleza na década de 90.

Vamos acompanhar e torcer pelo Luiz, para que ele termine o torneio com seu primeiro bloco para o rating FIDE!

Um pouco de xadrez rápido na ADX sempre é bom

Voltando aos torneios rápidos da ADX, após longa ausência, encontro sempre a calorosa acolhida do clã Damasceno, além dos demais companheiros do xadrez, sempre prontos para uma partida.

Até a edição nº 373, o torneio rápido das quintas-feiras estava sendo jogado em seis rodadas com 14 min KO. A partir da semana que se inicia em 17/fev próximo, o torneio passará ao curioso formato em 7 rodadas com cadência regressiva: as três primeiras rodadas com 14 min KO, seguidas de 2 rodadas com 10 min KO e, finalmente, mais 2 rodadas com 5 min KO. Vai ser interessante!

Voltando ao torneio relâmpago nº 373, alcancei posições interessantes em quase todas as partidas, algumas delas eu gostaria de compartilhar aqui.

Na segunda rodada, após perder a primeira partida por lance impossível numa posição provavelmente empatada, eu me vejo de negras na seguinte posição, na qual existe um arremate tático imediato:
Negras jogam e ganham
Na rodada seguinte, a terceira, consigo (de brancas) uma posição estrategicamente bem montada, mas aí a mão foi mais rápida que a razão, e dessa vez a tática me faltou.

Posição após 1. … f5
A posição acima foi alcançada após o lance negro 1. … f5 e eu segui com o péssimo 2. exf5?? perdendo uma torre sem compensação. A retirada do bispo para c2 seria suficiente para manter a vantagem e a forte pressão sobre a posição negra.

Com apenas 1 ponto na metade do torneio, eu já não pensava mais em fazer muita coisa, mas ganhei a partida da quarta rodada, de negras, num final de cavalos. Em seguida, “herdei” o ponto após estar perdido na quinta rodada. Terminei enfrentando (com peças brancas) o líder da competição, que estava invicto, na ultima rodada. Alcançamos uma posição muito interessante, na qual uma das variantes trazia um raro mate por xeque duplo descoberto:

Posição após 1. Da2
As negras esperavam agora jogar 1. … Cc3, porém perceberam estar impossibilitadas de fazer esse lance devido ao mate que seguiria com 2. Te8++. A dama faz xeque desde a2, a torre desde e8, e só um movimento de rei para uma casa segura poderia parar ambos os xeques, mas essa casa não existe na posição acima. Assim, as negras tiveram que ceder o cavalo de d5, e as brancas acabaram vencendo.

Terminei com 4 pontos, em segundo, e acabou sendo um torneio muito animador para quem estava há alguns meses afastado dos tabuleiros.

Átila Damasceno (campeão), Rewbenio (vice)

Semana que vem vou conferir o torneio no formato novo, espero que posições interessantes voltem a aparecer, e que eu não deixe minhas torres pelo caminho, nem me permita fazer lances impossíveis.

Nova coluna de xadrez em Natal

Coluna Peão 4 Rei, de 26/1/2013

Podem até me chamar de alienado, mas eu só compro jornal que publica coluna de xadrez. Por isso que eu, mesmo morando em Natal há mais de seis anos, jamais havia comprado um único exemplar de nenhum jornal local. A primeira vez foi ontem, dia 26/01/2013, para prestigiar e conhecer a nova coluna de Xadrez do Jornal Tribuna do Norte, Peão 4 Rei, assinada por Valério Andrade.
Valério Andrade em ação no tabuleiro (acervo do LQI)
A coluna é bastante agradável de se ler e traz não somente as novidades e resultados recentes de torneios, mas nos brinda com curiosidades enxadrísticas, relembra fatos históricos, campeões e campeãs do passado,  mostra algumas das aparições do nosso amado jogo em famosas produções de cinema (como Casablanca na coluna deste último sábado) etc. Enfim, termina-se a coluna com a mente enriquecida, ansiando pela próxima semana.

Meus parabéns ao Sr. Valério Andrade e aos editores do Tribuna do Norte, por reconhecerem a importância do Xadrez, perceberem que as pessoas continuam a gostar e a se intrigar com esse jogo maravilhoso, ainda que somente como curiosos.

O Xadrez é assunto natural para as páginas de um jornal, pois é alimento para a mente e para o espírito, e, como disse GoetheO xadrez é a pedra de toque do intelecto“.

A Tribuna do Norte ganhou mais um leitor (e acho que não vai parar por aí).

Um menino, o Xadrez Básico e o Título de Mestre Nacional



Imaginem um menino que, das 64 casas, só conhecia o jogo de Damas. Um belo dia, esse garoto, passando pela alameda de sua escola, percebe umas figuras diferentes sobre o tabuleiro tão conhecido e desprezado. Foi uma surpresa e tanto.

Eram muitas as novas “pedras” que se moviam de forma um tanto misteriosa naquele primeiro encontro. Só reconhecia ali o cavalo, que, vira e mexe, aparecia em alguma alegoria na televisão.

Ao chegar em casa, depois da aula, no tempo em que era possível uma TV sintonizar somente seis canais e uma casa ter, quando muito, somente um aparelho fixo de telefone, o menino não conseguia se distrair de sua nova obsessão.

Mais tarde, quando sua mãe também chegou, cansada do trabalho, ele não a largou enquanto não a convenceu de comprar-lhe um jogo de, já sabia como se chamava, xadrez.

– E você sabe jogar isso, menino? Aqui em casa ninguém joga isso.

– Não mãe, mas vou aprender.

Foi como um novo mundo, desvelado assim, em códigos, nos movimentos de seis diferentes figuras, peças, nunca mais “pedras”. Era um Colombo juvenil, redescobrindo pela primeira vez, os encantos que seduziram tantos antes dele.

Não tardou para ser tomado da sede de saber. E lhe foi dito:

– Arranje um “Xadrez Básico”, leia-o de cabo a rabo, e aprenderás a jogar.

Ganhou da mãe um livro de aspecto diferente, grosso e estreito, de capa vermelha, com um belo desenho de peças que se refletiam alternando suas cores. Com cuidado foi folheando o livro, lendo pela primeira vez na vida sobre a existência de jogadores lendários, como Phillidor, Andersen, Morphy, Steinitz, Lasker, Capablanca e tantos outros. Ficava horas decifrando o démodé sistema descritivo que registrava as partidas magistrais no livro.

O autor do livro ostentava dois títulos que impressionavam: Doutor (médico) e Mestre Nacional de Xadrez.

Muitos anos depois, sem ter lido todo o seu ‘Xadrez Básico’ (e, talvez por isso, não jogasse tão bem), o menino cresceu, tornou-se homem e enxadrista, mas nunca mais ouviu falar de outro Mestre Nacional de Xadrez no Brasil. Ouviu, sim, falar dos nossos Mestres e Grandes Mestres Internacionais, mas jamais outro Mestre Nacional.

O livro foi escrito no ano de 1954, apenas dois anos antes o Brasil havia tido seu primeiro Mestre Internacional de Xadrez, Eugênio German, e somente teria um Grande Mestre vinte anos depois (Henrique Mecking). Era uma época em que se valorizava o título nacional de mestre.

Por algum motivo esse título foi esquecido, caiu em desuso no Brasil. O menino, agora homem, olhava seu ‘Xadrez Básico’ de soslaio, pensando: “será que o último mestre nacional vai ser mesmo o Dr. Orfeu D’Agostoni?”.

Uma geração de mestres de verdade passou sem reconhecimento. O xadrez é um jogo difícil e duro com seus profissionais, muitos talentosos mestres não conseguiram alcançar a esfera internacional, mas no Brasil eram jogadores respeitados, só que sem título algum.

Aliás, no xadrez, em suma, só há dois títulos: ou você é mestre, ou você é carinhosamente apelidado de ‘capivara’. É muita injustiça deixar tanto jogador forte no rol dos capivaras, não é?

É não, era injustiça, pois a nossa Confederação Brasileira de Xadrez acaba de ressuscitar o título de Mestre Nacional. Se você tem ou já teve uma pontuação de pelo menos 2200 no rating CBX ou FIDE, seu título está garantido.

Certamente, muitos dos novos mestres titulados lembrarão emocionados que foi no livro volumoso, de capa vermelha, que deram seus primeiros passos rumo à maestria no xadrez! Dr. Orfeu não foi o último, mas o patrono duma legião de mestres nacionais, agora justamente reconhecidos.

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A fila da Mega da Virada



Há alguns anos, as loterias no Brasil criaram o que se pode chamar de “grande sacada”, a Mega da Virada. Ano a ano, o prêmio da última mega-sena do ano vem batendo recordes e, agora em 2012, ela chega ao maior prêmio a ser pago na história das loterias no país.

E haja filas para jogar! Cartões individuais,cartões de bolão da empresa, do grupo de futebol, do condomínio etc. Ninguém quer chegar dia 2 de janeiro sendo o único na empresa, na pelada ou o último morador do seu prédio.

A fila da mega-sena da virada é uma fila diferente, democrática, não há praticamente nenhuma regra de formação (a não ser a questão geográfica, de proximidade até a casa lotérica). Ali há pessoas de diversas faixas de renda e nível cultural.

Nada impede, por exemplo, de estarem ali, na mesma fila, no mesmo sonho, o professor e o aluno, o chefe e o subalterno, o dono do carro de luxo e o menino que limpa o vidro no sinal.

Também no nível de conhecimento de probabilidades, nada se pode dizer sobre a composição das filas nas casas lotéricas. Uma vez, Millôr Fernandes, aquele grande desmistificador, disse algo como “a loteria é um tipo de imposto cobrado só daqueles que não sabem matemática”. Um professor de finanças, uma vez, demonstrou que a chance de ser sorteado na mega-sena jogando apenas um cartão (ou mesmo algumas dezenas ou centenas de cartões) é similar à chance de o cartão premiado vir voando e bater na sua cara. Mas ocorre o estranho fenômeno da negação das evidências!

Um cartão da mega-sena tem chance de vencer de pouco menos de 0,000002%, obviamente quase nula, mas não é nula! E é aí que “a trama se complica”!

Nascem inúmeras manias e teorias: jogar sempre o mesmo cartão (“um dia dá!”), jogando sempre um cartão diferente (“variando a cada aposta, aumentam as chances!”), fazendo estatísticas das dezenas mais jogadas, menos jogadas, médias (esquecendo que 1-2-3-4-5-6 tem a mesma chance de vencer que qualquer outra combinação). Curioso o caso de um amigo que sempre joga a mesma combinação (mas que algumas vezes se esquece de jogar) e se negou a fornecer seus números para que eu verificasse se eles já haviam saído em algum dos 1454 concursos. Ele tinha medo de se frustrar ao saber que num dos esquecimentos seus números poderiam ter sido sorteados (ele não confere quando esquece).

Só para nota: os 1454 números sorteados até hoje na mega-sena só representam 0,003% da quantidade total de sorteios possíveis. A mega ainda é uma criança!

Tem de tudo nas filas da mega da virada, como disse, quase nenhum padrão pode ser traçado sobre as pessoas que ali estão. Mas uma coisa fica clara, ali está a maior concentração de esperança por metro quadrado no país. Nada mais propício para um final de ano. E nisso as loterias acertaram de novo.

Afinal, o custo do cartão é um dinheiro quase certamente perdido (eu disse quase), mas é um precinho barato a pagar pelas horas, dias ou mesmo semanas de esperança de que, no ano novo, pelo menos no bolso, as coisas sejam bem melhores.

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