A classe operária (finalmente) vai ao paraíso

Há muitos anos, numa edição da antiga revista brasileira XADREZ CIÊNCIA (que era editada pela PROMOCHESS, dirigida por Rubens Filguth*) encontrei uma análise da 4ª partida do Match de 1990 entre Kasparov e Karpov pelo título mundial (que viria a ser o 5º e último match entre dois valendo o título oficial de campeão do mundo) cujo título me causou grande impacto. A análise era intitulada “A CLASSE OPERÁRIA NÃO VAI AO PARAÍSO”, clara referência ao filme famoso da década de 1970 A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO (fato que na época eu ignorava). O interessante nesta partida é que Karpov, que jogava com as peças negras, chegou na seguinte posição com 4 peões passados e unidos:
Kasparov x Karpov (match 1990, partida 4) após 31. Rg2 (-+). Fonte: chessgames.com 
Após mais alguns lances, com pouco tempo antes do controle na 40ª jogada, Karpov erra com 39. … Df7 (tirando a única casa de escape de seu Rei contra o xeque-perpétuo), chegando na posição do diagrama abaixo:
Kasparov x Karpov (match 1990, partida 4) após 39. … Df7 (=). Fonte: chessgames.com
A partida terminou com empate por xeque-perpétuo. Daí a comparação com o filme, pois nenhum dos peões (a classe operária do xadrez) conseguiu coroar e dar a vitória ao negro. Como sabemos, o match terminou com apenas 1 ponto de vantagem para Kasparov, e esta partida poderia ter feito muita diferença.
Lembrei-me desta partida hoje quando acompanhava o Match de Candidatos da FIDE, em andamento, e fui ver a vitória de Gelfand (de negras) sobre Mamedyarov. Pela posição final (Gelfand tem posição ganhadora com 6 peões em troca de uma torre – 5 deles passados e 2 deles na sexta fila), percebe-se que, desta vez, a classe operária foi ao paraíso (ou fatalmente iria, não fosse o abandono do branco):
Mamedyarov x Gelfand (match 2011, partida 3) 0-1. Fonte: Blog da Susan Polgar
O Match de Candidatos segue amanhã com a 4ª e última partida pensada desta fase. Apenas Kamsky (contra Topalov) e Gelfand (contra Mamedyarov) conseguiram vencer até o momento, e um empate na última rodada garantem os dois na próxima fase do Ciclo de Candidatos. Se ocorrer empate na pontuação após 4 partidas, a decisão será nas partidas rápidas. Esta, aliás, parece ser a estratégia seguida por Radjabov (contra Kramnik) e Grischuk (contra Aronian), como 3 empates até o momento.

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*A análise “A classe Operária não vai ao paraíso” citada nesta postagem também pode ser encontrara no livro “K x K, Perestróika no Tabuleiro” de Herbert Carvalho & Rubens Filguth (esgotado, mas disponível em sebos certamente).

Um comentário em “A classe operária (finalmente) vai ao paraíso”

  1. A análise "A classe Operária não vai ao paraíso" citada nesta postagem também pode ser encontrara no livro "K x K, Perestróika no Tabuleiro" de Herbert Carvalho & Rubens Filguth (esgotado, mas disponível em sebos certamente).

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